O desafio da educação dos filhos
Simone
Demolinari
“A inteligência
emocional começa a se desenvolver nos primeiros anos de vida. Todos os intercâmbios
sociais que as crianças vivenciam com seus pais, professores e entre elas
mesmas, carregam mensagens emocionais”, segundo Daniel Goleman, autor do livro
“Inteligência Emocional”.
Entender a real
necessidade dos filhos e conseguir desenvolve-los é o melhor presente que os
pais podem dar a eles. Mas isso não é tarefa simples, cada criança é única e
diariamente surge um novo desafio. As escolas estão cada vez mais completas,
ensinam as crianças a ler e escrever com agilidade sem igual. Por lá eles
aprendem línguas, desenvolvem o gosto pelo esporte, ampliam a cultura entre
outros benefícios que a interação escolar traz. Formam crianças de amplo
conhecimento, contudo, deixam de fora um quesito que é de responsabilidade
exclusiva dos pais: educação emocional.
Parece que as
crianças da atualidade já nascem inteligentes–com o desenvolvimento escolar
então, ampliam ainda mais seu potencial. Porém, muitas delas continuam bebês
emocionais. Não respeitam limites, querem tudo sem precisar dispor da
contrapartida, e pior, são intolerantes à frustração.
Educar emocionalmente o filho é o grande desafio dos pais. E na busca de acerto, podem cair em erros comuns como a superproteção, permissividade excessiva e realização dos desejos para evitar atritos.
Educar emocionalmente o filho é o grande desafio dos pais. E na busca de acerto, podem cair em erros comuns como a superproteção, permissividade excessiva e realização dos desejos para evitar atritos.
Isso ocorre pois
muitos pais, por medo de repetir o modelo autoritário que receberam, se
tornaram o extremo oposto na hora de educar seus filhos e vão para o outro
lado. Por medo de errar, erram. Além disso, parece estar havendo uma grande
inversão de valores onde os pais passaram a ter medo de perder o amor dos
filhos, e não o contrário. Dessa forma, ele se veem, cada vez mais, sem meios
para tratar com firmeza a educação de suas crianças.
E claro, paga-se um
preço alto por isso. A criança, de tão paparicada acaba não desenvolvendo meios
próprios para se manter sozinha ou caminhar com sua própria perna. Sofrem a
vida toda com os danos da má criação: não conseguem tomar decisão, sentem-se
inseguros, tem dificuldade de sair de casa, e quando o faz carregam consigo um sentimento
de culpa, acreditando que estão sendo ingratos ou faltosos com seus pais. Dessa
forma tornam-se adultos incapazes de cortar o cordão umbilical com a família.
Há pais se gabam da
forma superprotetora de educar. Pensam que é sublime pecar pelo excesso. Estão
enganados. Pecar não é bom nem para mais nem para menos. Contudo, esse modelo é
ainda pior, pois castra e limita o desenvolvimento do filho os deixando
dependentes. Pais super-protetores justificam seu comportamento exagerado
alegando excesso de amor. Não percebem que ali reside um componente velado e
inconsciente de puro egoísmo. Querem seus filhos sem asas para voar para te-los
sempre por perto e com isso dar sentido e sabor à suas vidas. A falha na
criação pode deixar marcas profundas na vida dos filhos, fazendo com que eles
construam em torno de si muralhas difíceis de serem desmoronadas. Uma conhecida
frase do filósofo Platão nos convida à reflexão: “Não deverão gerar filhos quem
não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los”.
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