Van Gogh foi
assassinado, segundo filme apresentado em Veneza
Agence France Presse
Um novo filme sobre
Vincent Van Gogh trabalha com a hipótese de que o artista foi assassinado e não
se suicidou
Um novo filme sobre
Vincent Van Gogh trabalha com a hipótese de que o artista foi assassinado e não
se suicidou.
"At Eternity's
Gate", estrelando Willem Dafoe como o gênio torturado, estreou nesta
segunda-feira (3) no festival de cinema de Veneza.
Nele o pintor é
baleado após uma luta com jovens locais perto da aldeia de Auvers-sur-Oise, nos
arredores de Paris, onde o artista passou seus últimos meses em 1890.
Ele morreu 36 horas
depois de cambalear de volta para a pousada local no escuro.
Enquanto a maioria
dos historiadores concorda que Van Gogh se matou, o renomado pintor e diretor
indicado ao Oscar Julian Schnabel alimenta no filme a teoria de que ele foi
morto.
O lendário
roteirista francês Jean-Claude Carriere - que coescreveu o roteiro com Schnabel
- disse à reportagem que "não há absolutamente nenhuma prova de que ele
tenha se matado. Acredito que Van Gogh se matou? Absolutamente não!".
"Ele voltou
para a pousada com uma bala no estômago e ninguém nunca encontrou a arma ou
seus materiais de pintura", acrescentou Carriere.
"Temos lutado
contra a sombria lenda romântica de Van Gogh. No último período de sua vida,
Van Gogh estava trabalhando constantemente. Todos os dias ele fazia um novo
trabalho", disse.
Suas últimas
semanas, quando ele pintou o "Retrato de Dr. Gachet" - que bateu um
recorde mundial quando foi vendido por 82,5 milhões de dólares (77 milhões de
euros) em 1990 - não foram "nem um pouco tristes", argumentou o
escritor.
Não suicida
Schnabel insistiu em
que era improvável que um homem que pintou 75 telas em seus 80 dias em
Auvers-sur-Oise fosse um suicida.
A teoria de que Van
Gogh não cometeu suicídio foi levantada pela primeira vez em uma biografia de
2011 do pintor escrita por Steven Naifeh e Gregory White Smith.
Schnabel disse que
nem a arma nem "o material de pintura que ele tinha naquele dia foram
encontrados. É estranho enterrar sua m* se você está cometendo suicídio".
"At Eternity's
Gate" também deve abrir uma nova frente na discussão relativa ao caderno
de esboços "perdido" de Van Gogh, que supostamente ressurgiu após 126
anos, em 2016, e foi autenticado por dois eminentes historiadores de arte no
ano passado.
O veterano
especialista britânico Ronald Pickvance afirmou que o livro foi "a
descoberta mais revolucionária da história dos estudos de Van Gogh".
Mas o Museu Van
Gogh, em Amsterdã, contesta sua procedência e afirma que os desenhos são
falsificados.
O livro,
originalmente um livro de contabilidade do Cafe de la Gare em Arles, onde Van
Gogh se hospedou em vários momentos entre 1888 e 1890, aparece proeminentemente
no filme.
Schnabel e sua
equipe examinaram os desenhos, e o diretor pressionou a mão de Dafoe para
dentro deles, disse à AFP, para "forçar uma transmissão - uma conexão
entre mim e Van Gogh".
Isso claramente
funcionou, com Defoe já cotado para o prêmio de melhor ator em Veneza.
Toda a história é
uma mentira
O ator disse que ao
gravar o filme nos campos em torno de Arles, onde o artista pintou e no asilo
em Saint-Remy, "nós flertamos com o fantasma de Van Gogh".
Schnabel disse que o
filme não pretendia ser um filme biográfico factual, porque "toda a
história é uma mentira".
"Eu não me
importo se o caderno é real ou não, se ele se matou ou não. É irrelevante. Mas
no filme é bom saber que existe outro conjunto de possibilidades",
acrescentou.
O filme também era
uma oportunidade para "eu dizer coisas sobre pintura (...), e foi muito
divertido falar através de Van Gogh".
O diretor também
queria corrigir a má reputação que o pintor e amigo de Van Gogh, Paul Gauguin,
obteve da história.
Van Gogh pode ter
cortado a própria orelha quando o pintor anunciou que o deixaria para voltar a
Paris, mas "Gauguin realmente se importava com ele", disse Schnabel.
"Ele é
retratado normalmente como um idiota. Anthony Quinn (no filme de 1957
"Sede de Viver") interpretou-o assim, mas ele não era".
Nenhum comentário:
Postar um comentário