Em Minas,
Centrão migra para Bolsonaro e Haddad atrai apoios de Ciro Gomes
Lucas Simões
No Estado, políticos
do centrão abraçam Bolsonaro (PSL); Já Fernando Haddad (PT) deverá ter a adesão
de Avante e PDT
Já mirando o segundo
turno das eleições presidenciais, os partidos em Minas começam a se organizar
para definir apoio a um projeto político nacional. No chamado centrão - bloco
formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade-, que aderiu em massa à campanha
de Geraldo Alckmin (PSDB), a maioria dos diretórios das legendas mineiras
pretende abandonar o tucano para apoiar Jair Bolsonaro (PSL). No outro extremo,
caso Ciro Gomes não avance ao segundo turno, Fernando Haddad (PT) deverá ter a
adesão, em Minas, de Avante e PDT, que formam a coligação do pedetista em
âmbito nacional. Além disso, o PT tem a expectativa de costurar um “namoro” com
o PSDB de Alckmin.
A movimentação
reflete o clima político acirrado no país. Segundo pesquisa Ibope divulgada
ontem, 28% dos eleitores afirmam que vão mudar de voto para evitar a vitória de
algum candidato — sendo que os eleitores de Alckmin somam 36% dos mais
propensos à mudança, enquanto os de Ciro representam 35%.
“Não vamos ajudar a
eleger o Bolsonaro. Vamos estar do outro lado, do lado progressista da eleição”
Mario Heringer
Presidente do PDT
Presidente do PDT
Nesse contexto, dos
cinco partidos que compõem o centrão, apenas os diretórios de PP e PRB em Minas
ainda divergem sobre a debandada da campanha de Alckmin para compor uma
eventual base de Bolsonaro. O deputado federal Gilberto Abramo, presidente do
PRB no Estado, admite receio para apoiar o militar. “Não vamos decidir
sozinhos, ainda mais um apoio que envolve tantas divergências e posicionamentos
extremos”, diz.
Queda de braço
No PP, o presidente
do partido em Minas, deputado federal Toninho Pinheiro, antecipa a queda de
braço que será travada na legenda. “Eu sou Bolsonaro, confio na vitória dele no
primeiro turno. Mas o presidente nacional do partido já sinalizou apoio ao PT.
Teremos divergências”, admite.
Já os outros
partidos do centrão no Estado sinalizam apoio a Bolsonaro. O deputado estadual
Léo Portela (PR) diz que seu partido não deverá ter dissidências. “Deixar o PT
voltar vai ser um crime. Pode não ser o Bolsonaro (contra o PT), se for outro,
vamos com outro”, afirma o deputado.
Na mesma linha, o
presidente nacional do DEM, Ronaldo Caiado, sinalizou composição com Bolsonaro.
O presidente do partido em Minas, Rodrigo Pacheco, candidato ao Senado na chapa
de Anastasia, não foi encontrado.
No núcleo petista,
além de PSB e PCdoB, que compõem a aliança nacional com o PT, Haddad tem
tendência em atrair o apoio de Avante e do próprio PDT. Em Minas, o deputado
federal Luis Tibé, presidente nacional do Avante, admite a possibilidade.
“Vamos estar no campo progressista, claro. Estamos com Ciro e com quem ele
apoiar”, disse. Na mesma linha, o presidente do PDT no Estado, deputado federal
Mario Heringer, defende uma aliança para derrotar Bolsonaro. “Certamente não
vamos ajudar a eleger o Bolsonaro. Vamos estar do outro lado”, diz.
Até mesmo
integrantes do PSDB de Alckmin cogitam uma trégua com o PT em eventual segundo
turno sem os tucanos. Em Minas, o deputado estadual João Vitor Xavier (PSDB) é
um deles. “O segundo turno não existe ainda. Mas o PSDB não vai se alinhar às
forças mais obscuras, vamos ajudar a democracia a derrotar o retrocesso”, diz.
Aliados de Anastasia
já defendem voto anti-petismo
Nesta semana,
declarações polêmicas de apoio a Jair Bolsonaro (PSL) esquentaram a disputa
nacional em Minas. Em vídeo gravado durante uma palestra em Patrocínio, no
Triângulo Mineiro, o deputado federal Marcos Montes (PSD), vice de Antonio Anastasia,
declarou a possibilidade de apoio a Bolsonaro. Já Dinis Pinheiro (SD),
candidato ao Senado na chapa tucana, divulgou um vídeo de campanha ao lado do
candidato do PSL.
“Aquilo que falei é
sobre uma possibilidade. Não é uma postura oficial do partido, é minha. No PT,
a gente não vota de jeito nenhum. Temos que cogitar o Bolsonaro sim”, disse
Montes.
Facebook
O presidente do Solidariedade em Minas, Luiz Carlos M]iranda, foi incisivo ao dizer que “está junto com Dinis” no apoio a Bolsonaro. Na última segunda-feira, Dinis compartilhou um vídeo em seu Facebook no qual Bolsonaro pede votos para elegê-lo ao Senado a propaganda eleitoral foi gravada antes de o presidenciável do PSL ser vítima de uma facada, em Juiz de Fora.
O presidente do Solidariedade em Minas, Luiz Carlos M]iranda, foi incisivo ao dizer que “está junto com Dinis” no apoio a Bolsonaro. Na última segunda-feira, Dinis compartilhou um vídeo em seu Facebook no qual Bolsonaro pede votos para elegê-lo ao Senado a propaganda eleitoral foi gravada antes de o presidenciável do PSL ser vítima de uma facada, em Juiz de Fora.
“Nós achávamos que o
Alckmin poderia desenvolver um grande projeto, mas não tem decolado (nas
pesquisas de intenção de voto). O que não podemos deixar acontecer é a volta do
PT, que seria, aí sim, um retrocesso enorme para todo o país”
Luiz Carlos Miranda
Presidente do Solidariedade em MG
Presidente do Solidariedade em MG
“Nós achávamos que o
Alckmin poderia desenvolver um grande projeto, mas não tem decolado. O que não
podemos deixar acontecer é a volta do PT”, criticou Miranda. Dinis Pinheiro não
foi encontrado para comentar o vídeo.
Procurado, Anastasia
desmentiu a possibilidade de apoio a Bolsonaro, mesmo após seu vice reafirmar
que, caso Alckmin não avance ao segundo turno, “precisamos dar as mãos a
Bolsonaro”.
“O meu candidato a
presidente da República, como o de meu vice Marcos Montes, é Geraldo Alckmin.
Na palestra, Marcos fala sobre uma possibilidade hipotética com a qual não
trabalhamos”, disse Anastasia.
A assessoria do
tucano preferiu não comentar as declarações de Dinis. Nos bastidores,
interlocutores do partido dizem que Dinis ficará isolado na reta final da campanha.
A rusga abre espaço para uma aproximação com o candidato ao Senado pelo PHS,
Carlos Viana, que tem comparecido aos eventos de Anastasia — mesmo não
integrando a chapa do tucano.
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