Sem
financiamento de empresas, arrecadações de campanhas passam longe do teto de R$
14 mi
Lucas Simões e
Rafaela Matias
Com a proibição do
financiamento de campanha por empresas, candidatos ao Governo de Minas ficam
reféns dos fundos partidários e valores arrecadados não chegam nem à metade do
teto de gastos estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de R$ 14
milhões.
Somente o senador
Antonio Anastasia (PSDB) alcançou 50% do valor permitido, com arrecadação de R$
7,8 milhões, mas o gasto de campanha dele até o momento foi de R$ 5,4 milhões –
sete vezes menos que nas eleições de 2010, quando também concorreu ao cargo com
uma campanha de R$ 38 milhões.
As informações foram
divulgadas na primeira parcial da prestação de contas, fechada no último dia
15. Agora, os candidatos devem apresentar o balanço final 30 dias após o
resultado da eleição.
Apesar das criativas
alternativas de arrecadação, como vaquinhas virtuais e jantares beneficentes, a
maior parte da verba que financia as campanhas é oriunda do Fundo Partidário,
que aglutina R$ 1,7 bilhão para as legendas.
O governador
Fernando Pimentel (PT), que tenta a reeleição ao Palácio da Liberdade, recebeu
do PT R$ 3,6 milhões, 87% dos R$ 4,1 milhões arrecadados até agora para a
campanha. Além disso, a vaquinha virtual do petista vai de vento em popa e
garante a terceira fonte de renda para a campanha, somando R$ 56 mil (ver
arte). Procurada, a assessoria do governador não comentou as doações.
O valor usado até
agora pelo petista é de R$ 6,4 milhões, oito vezes inferior aos R$ 53,4 milhões
gastos nas eleições que lançaram Pimentel ao cargo, em 2014, quando o
financiamento de empresas ainda era permitido.
O PSDB de Anastasia
também foi o principal doador da campanha, ao lado do presidenciável tucano
Geraldo Alckmin, que somam, até o momento, R$ 2 milhões.
“Estamos fazendo uma campanha com menos recursos, dentro do planejado, com muita criatividade e austeridade”, afirmou o senador.
“Estamos fazendo uma campanha com menos recursos, dentro do planejado, com muita criatividade e austeridade”, afirmou o senador.
Em relação às
doações da campanha por Alckmin, Anastasia disse que “o único acordo” que fez
com Geraldo Alckmin é que, se eleito, “ele dará a Minas a atenção que nosso
Estado merece e não recebeu do governo federal na gestão do PT. A doação já é
um gesto de Alckmin em prol da reconstrução de Minas”.
Em meio a boatos de
uma possível desistência da candidatura, Adalclever Lopes (MDB) também recebeu
do próprio partido R$ 500 mil, quase a totalidade dos R$ 509 mil arrecadados
até o momento para a campanha. O candidato preferiu não se manifestar sobre os
gastos, alegando apenas que segue estritamente o que a legislação determina.
Além disso, negou a possibilidade de desistir da candidatura.
Romeu Zema (Novo)
foi um dos poucos que não recorreram majoritariamente ao partido para arrecadar
verba. A maior parte dos R$ 385 mil conquistados pela campanha veio da doação
de grandes empresários. Um deles é José Salim Mattar, dono da Localiza (R$ 200
mil). O outro é Rubens Menin Teixeira, fundador e acionista majoritário da MRV
(R$ 35 mil). Do partido, Zema recebeu R$ 100 mil, ou seja, metade da doação de
Salim.
Questionado se o
fato de ter 61 % da campanha patrocinada por dois empresários poderia
interferir em uma futura gestão, Zema negou que possa ser refém de interesses
empresariais, caso vença nas urnas em outubro. “Não vejo com nenhum problema
essas doações”, disse.
Nanicos enfrentam
dificuldades até para imprimir ‘santinhos’
Os valores
arrecadados até o momento pelos quatro menores candidatos na corrida pelo
Governo de Minas somam, juntos, R$ 226 mil. O orçamento enxuto impõe uma série
de obstáculos aos envolvidos nas campanhas, que enfrentam dificuldades até
mesmo para imprimir os tradicionais santinhos, como é o caso de João Batista Mares
Guia, da Rede.
Os R$ 73.685
arrecadados para a campanha do candidato não foram suficientes para garantir
itens básicos, como o material publicitário impresso. A assessoria de Mares
Guia afirmou que há no momento a urgência para imprimir cerca de 500 mil
“santinhos”, com um custo estimado de R$ 27 mil, mas que a campanha não dispõe
deste recurso, portanto, não terá o material impresso.
A assessoria
ressaltou ainda que a quantidade é a mínima possível para ser impressa e não
seria capaz nem mesmo de suprir a demanda da Região Metropolitana de Belo
Horizonte.
“A campanha é
franciscana e conta com a colaboração de amigos, de voluntários e de
apoiadores”, afirmou em nota.
De acordo com a
prestação de contas de Mares Guia, a verba para a campanha do candidato da Rede
vem principalmente do fundo partidário a que a Rede Sustentabilidade tem
direito (R$ 50 mil), além de doações de prestadores de serviço, como o
contador Robson Carvalho Agualusa (com valor estimado em R$ 6.693) e do
assessor de imprensa da campanha, Manuel Mateus Marçal (estimado em R$ 6 mil).
Já Dirlene Marques,
do PSOL, foi quem arrecadou a menor verba até o momento, R$ 8,2 mil. Ela estava
atrás apenas do candidato Alexandre Flach (PCO), que arrecadou R$ 600, mas teve
a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral e não poderá concorrer
ao cargo.
Claudiney Dulim
(Avante) é o candidato com a maior arrecadação entre os nanicos, com R$ 97.663.
Mais de 90% da verba veio da doação do partido (ex-PTdoB), sigla liderada pelo
deputado federal Luis Tibé, também presidente nacional do Avante.
Jordano Metalúrgico
(PSTU) arrecadou R$ 46.900 e o gasto até o momento foi de R$ 23.276.
Todos os dados
referentes aos gastos dos candidatos estão disponíveis no site
www.divulgacandcontas.tse.jus.br.
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