quinta-feira, 13 de setembro de 2018

BREXIT PODE DERRUBAR A PRIMEIRO-MINISTRA DO REINO UNIDO THERESA MAY


Parlamentares negam conspiração para derrubar premiê britânica

Estadão Conteúdo










Dezenas de legisladores discutiram a ideia de emitir um voto de desconfiança contra Theresa May

Os principais legisladores apoiadores do Brexit insistiram nesta quarta-feira (12) que não estão prestes a derrubar a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apesar de manterem forte oposição ao plano da premiê para a saída do país da União Europeia (UE). A proposta de May mantém o Reino Unido alinhado às regras do bloco após a saída, em troca do livre-comércio de mercadorias.

Os opositores afirmam que a proposta manteria o Reino Unido ligado ao bloco e incapaz de fazer novos negócios em todo o mundo. Dezenas de legisladores discutiram a ideia de emitir um voto de desconfiança contra May, na esperança de substituí-la por um político mais duro para lidar com Brexit, como o ex-secretário das Relações Exteriores, Boris Johnson, feroz crítico do projeto da primeira-ministra.

Mas o secretário do meio-ambiente, Michael Gove, de posicionamento favorável a May, disse que a especulação sobre uma conspiração para derrubar a liderança atual é apenas "conversa fiada". Para Gove, a premiê está fazendo "um grande trabalho no momento". O ex-secretário para o Brexit, David Davis, que deixou o governo em julho, devido a divergências com May, acrescentou que ela é uma primeira-ministra "muito boa" com a qual teve divergências apenas sobre uma questão.

O Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março, mas as negociações sobre o divórcio afundaram em meio às divisões no Partido Conservador sobre a relação que será mantida com o bloco. As esperanças de haja um acordo até a cúpula do bloco em outubro, como era o plano original, estão acabando, mas há expectativas de que a UE esteja planejando outra reunião para novembro.

Líderes do bloco emitiram declarações encorajadoras recentemente, dizendo que um acordo é possível nos próximos dois meses, caso ambos os lados sejam realistas. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse nesta quarta-feira (12) que os negociadores da UE "estão prontos para trabalhar dia e noite até chegar em um acordo". "Eu saúdo a proposta da primeira-ministra May para desenvolver uma nova e ambiciosa parceria para o futuro após o Brexit", disse ele durante discurso em Estrasburgo.

Mas um acordo está longe de ser feito, e o Reino Unido tem intensificado o planejamento para um Brexit "sem acordo", o que poderia atrapalhar comércio, transporte e outros setores da economia. O executivo-chefe da montadora americana Jaguar Land Rover classificou o Brexit como um cenário "horrendo" que pode custar dezenas de milhares de empregos.

Opositores conservadores ao plano de May, apelidado de Chequers, estão tentando mostrar que têm uma proposta alternativa para se libertarem da UE. O grupo European Research Group, de apoio ao Brexit duro, publicou nesta quarta-feira seu plano para resolver uma das questões pendentes mais complicadas - a fronteira entre Irlanda do Norte, do Reino Unido, e a Irlanda, membro da UE.

Reino Unido e UE dizem que não deve haver postos alfandegários ou outras infraestruturas ao longo da fronteira atualmente invisível, mas não concordaram em como isso pode acontecer depois que o Reino Unido deixar a união aduaneira livre de tarifas.

O grupo apoiador ao Brexit disse que tecnologia e programas de "traders confiáveis" poderiam remover a necessidade de postos de fronteira, e um acordo entre UE e Estados Unidos sobre padrões comuns de biossegurança permitira o movimento facilitado de produtos agrícolas.

"Tudo pode ser feito eletronicamente", disse o legislador Owen Paterson, ex-secretário da Irlanda do Norte. "Não há nenhum necessidade para nova infraestrutura física na fronteira." Críticos dizem que a UE já rejeitou propostas similares para proteger a aberta, pedra fundamental no processo de paz da Irlanda do Norte.

Robert Hannigan, ex-diretor da agência britânica de inteligência GCHQ, disse que uma fronteira dura levaria ao crescimento do contrabando, aumentaria as tensões entre nacionalistas irlandeses e sindicalistas pró-britânicos e "frearia os limites do processo de paz". "Então seria um desenvolvimento muito insalubre", destacou.

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