Mais de 700
menores permanecem separados das famílias nos EUA
Agence France-Presse
Menina participa de
manifestação em Chicago contra a separação de famílias migrantes
Mais de 700 menores
imigrantes que foram separados dos adultos com os que entraram nos Estados
Unidos a partir do México permanecem sob custódia das autoridades americanas e
não foram reunidos com seus familiares nesta quinta-feira (26), como havia
determinado um juiz federal.
Os menores fazem
parte de um segundo grupo de 2.551 crianças e adolescentes de cinco a 18 anos,
dos quais 1.820 saíram dos abrigos do Escritório de Reassentamento de
Refugiados (ORR) para serem entregues a seus pais ou representantes.
O juiz Dana Sabraw
fixou há um mês um prazo para que 2.500 a 3.000 menores fossem entregues a seus
pais: primeiro os menores de cinco anos, depois os de cinco a 18 anos.
O Departamento de
Justiça (DoJ) indicou nesta quinta-feira, em um documento enviado à corte, que
esperava que todos os menores "considerados elegíveis para reunião"
seriam entregues a suas famílias antes de terminado o prazo legal, à
meia-noite, horário de Los Angeles (07h00 GMT, 04h00 de Brasília).
Dos 1.820, 1.420
foram reunidos com seus pais em instalações da polícia migratória ICE e 378
libertados em "outras circunstâncias", como os entregues ao pai ou
outro familiar em liberdade.
"O governo não
vai reunir todas as famílias que separou", disse Lee Gelernt, advogado da
União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que apresentou a demanda em San
Diego, levando o juiz Sabraw a fixar o prazo.
Neste informe legal,
a ACLU fixou posição. Destacou que, "segundo os próprios dados da defesa,
dezenas de crianças separadas ainda não tinham sido reunidas a um pai e cerca
de 1.000 pais permaneciam separados de seus filhos. Isto inclui quase 500 pais
que foram expulsos do país, muito provavelmente sem seus filhos".
Estes imigrantes
ilegais deportados (431) fazem parte do grupo com o qual não puderam se reunir
711 menores "não elegíveis", o que implica também em que os vínculos
familiares não puderam ser confirmados ou que os pais sofrem de doença
contagiosa ou que não foram localizados.
Segundo o DoJ, os
pais de 120 menores decidiram pela não reunião.
Este balanço será
discutido em uma audiência nesta sexta-feira, em San Diego, e se Sabraw
considerar que o governo não cumpriu com o prazo, poderia declará-lo em
desacato e puni-lo.
As polêmicas
separações começaram em maio, no âmbito da política de "tolerância
zero" de Donald Trump, quando os imigrantes que entravam no país pela
fronteira sul, ilegalmente ou pedindo asilo, eram detidos e processados em
massa. Consequentemente, milhares de crianças foram separadas dos pais ou
tutores e enviados a albergues em todo o país.
Essa política gerou
uma onda de críticas dentro e fora dos Estados Unidos, especialmente após a
difusão de um áudio - supostamente gravado em um abrigo - no qual se ouve
crianças pequenas chorando e chamando pelos pais, que em sua maioria migraram
para fugir da violência das gangues da América Central.
O governo de Donald
Trump anunciou o fim desta política após aplicá-la por seis semanas, permitindo
a reunião de centenas de famílias.
"É um desastre
que eles criaram", disse Gelernt.
"Sequestro e
abuso infantil"
Entre as petições do
ACLU, destaca a exigência de um prazo de sete dias desde a reunião para que as
famílias possam discutir seu passo seguinte: se lutam pelo asilo, se o adulto
sai e o menor fica ou se ambos aceitam ser deportados.
"O plano do
governo é reuni-los e removê-los, acreditamos, inclusive que no mesmo dia sem
tempo para nenhuma discussão", indicou o advogado, que denunciou que
muitos imigrantes assinaram, sem compreender, uma permissão confusa para
renunciar à custódia de seus filhos e ser deportados sozinhos,.
De fato, em seu
informe, o DoJ aceita "a evidência" do ACLU de que "muitos pais
não entenderam que estavam renunciando a seu direito de se reunir com seus
filhos. De fato, muitos desejam ser reunidos".
"A parte
acusadora está buscando se assegurar que todos os pais que supostamente
renunciaram à reunião possam falar com os advogados".
Parlamentares
democratas, que visitaram recentemente centros de detenção perto da fronteira,
acusaram o governo de continuar separando famílias.
Até o momento, o
Departamento de Saúde e Serviços Humanos tinham sob custódia, em refúgios por
todo o país, 11.500 crianças classificadas como Menores Estrangeiros Não
Acompanhados (UACs, em inglês).
Esta cifra inclui
crianças e adolescentes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos sem a
companhia de um adulto. Mas também contabiliza menores que entraram com suas
famílias, foram separados e depois, reclassificados como UACs, ao chegar aos
abrigos.
Até 16 de julho, 44.210 imigrantes adultos estavam sob custódia das autoridades migratórias dos Estados Unidos.
Até 16 de julho, 44.210 imigrantes adultos estavam sob custódia das autoridades migratórias dos Estados Unidos.
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