A Rússia para alguns
Manoel Hygino
Quem gostaria de ter
ido à Rússia para a Copa? Trata-se de uma nação fascinante, com cidades que
guardam preciosidades fantásticas, capazes de atrair o interesse de cidadãos de
todos os países e toda época. Mas quem, cá no Brasil, teria condições financeiras
de uma viagem dessa dimensão, embora admitindo que apenas conheceria um pouco –
já que a nação compreende terras de dois continentes – do maior país do
planeta?
A despeito da crise
que atravessamos e da qual custaremos sair, a julgar pela evolução dos quadros
econômico, político, jurídico e social, houve gente que se locomoveu daqui a
Moscou, à linda São Petersburgo e a outras cidades, para assistir aos jogos. E
aos deleites e gozos de que o latino não abre mão, principalmente se longe da
pátria. Enfim...
O que me levou ao
presente escrito, porém, foi saber como dezenas de conterrâneos lograram meios
para aproveitar a “ensancha oportunosa”. Conheci fatos e números na apreciada
coluna do jornal, assinada por Leandro Mazzini, na edição de sábado–domingo, 30
de junho–1ºde julho. O bem informado jornalista noticia: “a Caixa vai bem, na
Copa da Rússia e com dinheiro oficial. O banco vai gastar mais de R$ 9 milhões
com a viagem, já realizada, de 223 convidados – além do staff de dezenas de
diretores e funcionários – para garantir as três promoções que lançou para
lotéricos, servidores e clientes. Foram montados stands dentro e fora dos
estádios da Copa da Fifa. Enquanto a grande maioria dos clientes paga taxas
altas pelos serviços”.
O jornalista
acrescentou: “segundo a assessoria da Caixa, as despesas serão, por baixo, R$
8.664.920,00 apenas no pagamento de passagens, hospedagens, transfer e
alimentação dos convidados”. A Caixa levou 73 donos de lotéricas, a promoção
Meta Campeã (média de R$ 38,1 mil por pessoa), 79 servidores (R$ 43,7 mil per
capta) e 71 clientes (R$ 34,1 mil). A despeito da gastança, o banco lucrou R$
3,2 bilhões líquidos apenas no primeiro trimestre deste ano.
O banco informou em
nota à coluna “que os convidados foram através de promoções, de marketing –
como o BoraPraRussia (clientes) e A Hora é Agora (funcionários)”.
Mazzini, contudo,
não se refere, nem poderia, a episódios envolvendo figurões da instituição
financeira, não faz muito tempo. O assunto foi objeto de amplo noticiário da
imprensa, que não se omitiu e envolveria desvios de dinheiro e nomeações de
funcionários do alto escalão. A vantagem que se tem é que no Brasil se esquecem
rapidamente mazelas e malfeitos.
O brasileiro pouco
se interessa. Só reclama se o valor do tributo aumentou e se sente no bolso e
nas necessidades imediatas não supridas.
A Caixa vai bem,
muito bem, obrigado. Mas se viu na contingência de fechar 25 agências em 15
estados, conforme dispõe portaria de 21 de junho, com a economia estimada é de
R$ 138,9 milhões. Quantos serão prejudicados pela interrupção de atividades do
banco? O importante era a Copa, que já passou à história do esporte bretão.
Daqui quatro anos virá outra. Quem viver verá. E o desejo é de que pelo menos
no futebol sejamos vitoriosos e felizes, oxalá!
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