terça-feira, 3 de julho de 2018

AS BELAS DA RÚSSIA E AS MAZELAS BRASILEIRAS


A Rússia para alguns

Manoel Hygino 







Quem gostaria de ter ido à Rússia para a Copa? Trata-se de uma nação fascinante, com cidades que guardam preciosidades fantásticas, capazes de atrair o interesse de cidadãos de todos os países e toda época. Mas quem, cá no Brasil, teria condições financeiras de uma viagem dessa dimensão, embora admitindo que apenas conheceria um pouco – já que a nação compreende terras de dois continentes – do maior país do planeta?
A despeito da crise que atravessamos e da qual custaremos sair, a julgar pela evolução dos quadros econômico, político, jurídico e social, houve gente que se locomoveu daqui a Moscou, à linda São Petersburgo e a outras cidades, para assistir aos jogos. E aos deleites e gozos de que o latino não abre mão, principalmente se longe da pátria. Enfim...
O que me levou ao presente escrito, porém, foi saber como dezenas de conterrâneos lograram meios para aproveitar a “ensancha oportunosa”. Conheci fatos e números na apreciada coluna do jornal, assinada por Leandro Mazzini, na edição de sábado–domingo, 30 de junho–1ºde julho. O bem informado jornalista noticia: “a Caixa vai bem, na Copa da Rússia e com dinheiro oficial. O banco vai gastar mais de R$ 9 milhões com a viagem, já realizada, de 223 convidados – além do staff de dezenas de diretores e funcionários – para garantir as três promoções que lançou para lotéricos, servidores e clientes. Foram montados stands dentro e fora dos estádios da Copa da Fifa. Enquanto a grande maioria dos clientes paga taxas altas pelos serviços”.
O jornalista acrescentou: “segundo a assessoria da Caixa, as despesas serão, por baixo, R$ 8.664.920,00 apenas no pagamento de passagens, hospedagens, transfer e alimentação dos convidados”. A Caixa levou 73 donos de lotéricas, a promoção Meta Campeã (média de R$ 38,1 mil por pessoa), 79 servidores (R$ 43,7 mil per capta) e 71 clientes (R$ 34,1 mil). A despeito da gastança, o banco lucrou R$ 3,2 bilhões líquidos apenas no primeiro trimestre deste ano.
O banco informou em nota à coluna “que os convidados foram através de promoções, de marketing – como o BoraPraRussia (clientes) e A Hora é Agora (funcionários)”.
Mazzini, contudo, não se refere, nem poderia, a episódios envolvendo figurões da instituição financeira, não faz muito tempo. O assunto foi objeto de amplo noticiário da imprensa, que não se omitiu e envolveria desvios de dinheiro e nomeações de funcionários do alto escalão. A vantagem que se tem é que no Brasil se esquecem rapidamente mazelas e malfeitos.
O brasileiro pouco se interessa. Só reclama se o valor do tributo aumentou e se sente no bolso e nas necessidades imediatas não supridas.
A Caixa vai bem, muito bem, obrigado. Mas se viu na contingência de fechar 25 agências em 15 estados, conforme dispõe portaria de 21 de junho, com a economia estimada é de R$ 138,9 milhões. Quantos serão prejudicados pela interrupção de atividades do banco? O importante era a Copa, que já passou à história do esporte bretão. Daqui quatro anos virá outra. Quem viver verá. E o desejo é de que pelo menos no futebol sejamos vitoriosos e felizes, oxalá!


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