Extroversão, introversão e timidez
Simone
Demolinari
Pessoas
extrovertidas são facilmente percebidas: são confiantes, falam de si, ávidas
por contatos, têm habilidade para fazer amigos, interagir e transitar
socialmente. Esse conjunto de características deriva do fato de terem sua
energia psíquica projetada “para fora”, o que estimula sobremaneira o
desenvolvimento da inteligência interpessoal.
O psicoterapeuta
Carl Jung, que desenvolveu o conceito de personalidade extrovertida e
introvertida, define da seguinte forma:
“A extroversão
caracteriza-se pelo interesse externo, pela pronta aceitação dos acontecimentos
externos, pelo desejo de influenciar e de ser influenciado por esses
acontecimentos, pela necessidade de aderir e de ‘estar com’, pela capacidade de
suportar o alvoroço e todo tipo de barulho e considerá-los, até agradáveis,
pela constante atenção dada ao mundo circundante, pelo cultivo de amigos e de
relações nem sempre escolhidos com cuidado, e, finalmente, pela grande
importância atribuída à imagem com que nos mostramos”.
No sentido oposto a
isso, temos os introvertidos que são indivíduos que direcionam sua energia
psíquica “para dentro”. Estes, projetam para o mundo interior suas impressões,
emoções e pensamentos. Possuem uma postura contemplativa, preferem ficar mais
quietos, às vezes sozinhos. Embora gostem de boas companhias, não se importam
em ficar em casa num sábado à noite, por exemplo. São regidos pela filosofia de
Nietzsche: “não roube a minha solidão se não for me oferecer uma verdadeira
companhia”.
É importante
destacar que indivíduos introvertidos não são antissociais, eles interagem,
porém, costumam evitar situações sociais ou ambientes muito agitados, pois,
como são modulados “para dentro”, a interação social causa uma espécie de
esgotamento mental e físico.
Embora, muitas
vezes, os introvertidos sejam vistos como pessoas “estranhas” eles se sentem
bem assim e não almejam mudança. Já o tímido é diferente. Tanto um, quanto o
outro, não gostam da interação social, mas por motivos diferentes. O
introvertido por cansaço e o tímido por medo. Alias, um elemento marcante da
timidez é o medo: do julgamento alheio, de não ser aceito, de errar, de ser
ironizado, criticado, rejeitado. O que revela uma excessiva preocupação com a
sua imagem.
Ao contrário do que
muitos pensam, o tímido não se acha uma pessoa desimportante, ao contrário, ele
se dá tanta importância que chega a acreditar que todos estão olhando para ele,
assim como os narcisistas.
Não podemos
desconsiderar o forte vínculo entre a timidez e a vaidade. Nos bastidores da
timidez, há uma faceta ávida por mostrar-se perfeito. Um bom exemplo é perceber
o tanto que o sucesso, ao longo do tempo, neutraliza a timidez. O que nos leva
a pensar que, na intimidade, o tímido deseja mesmo é a admiração do outro.
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