A via sacra dos tributos
Manoel Hygino
A greve dos
caminhoneiros ainda repercutirá pesadamente no dia a dia dos brasileiros.
Venceram-se apenas os entraves mais graves, um pré-caos, para impedir a marcha
da nação a tempos mais funestos.
Muito não se contou,
nem se esclareceu ainda, sobre a paralisação de maio de 2018. Um movimento tão
extenso, abrangendo todos os estados e o Distrito Federal, não se daria
espontaneamente, sem que os muitos milhares de caminhoneiros tivessem
conseguido adesão de Norte a Sul, de uma hora para outra. Os órgãos de
inteligência certamente conheciam articulações e ficam na obrigação de revelar
nomes ao povo.
Uma das causas da
paralisação, a principal, suponho, não atinge exclusivamente essa categoria
profissional: o alto vulto dos impostos. Não é de hoje. Há algum tempo,
Francisco Guedes de Mello me encaminhou uma relação informando os países em que
menos se trabalhou em um ano para pagar tributos, em 2011. Em primeiro lugar,
as Maldivas, com zero horas, seguido dos Emirados Árabes Unidos, com 12 horas;
na Europa, o sexto lugar – Luxemburgo, com 59 horas; a Suíça, em oitavo, com
63, e Irlanda com 76 horas. O Brasil comparecia à frente em todo o mundo com
2.600 horas, enquanto em 2º lugar estava a Bolívia, com 1.080, e o Vietnã, com
guerra e tudo, com 941 horas.
Se isso já era
muito, tínhamos a honra de ostentar a maior carga tributária do mundo, conforme
dados do Banco Mundial (Doing Business 2011).
Não só caminhoneiros (e empresas do setor) pagam caro em impostos, nas cargas interestaduais: 2,65%. Medicamentos, por exemplo, levam consigo 44,4%; a conta de luz, 47,87%; o café, 36,52%, e assim por diante. O papel higiênico, cuja falta é notada na Venezuela, vem aqui com 40,5% de tributo embutido, sem falar na conta de telefone – com 49,78%, o cigarro (felizmente não fumo): 81,68%, além do macarrão, onerado em 35,22%.
Não só caminhoneiros (e empresas do setor) pagam caro em impostos, nas cargas interestaduais: 2,65%. Medicamentos, por exemplo, levam consigo 44,4%; a conta de luz, 47,87%; o café, 36,52%, e assim por diante. O papel higiênico, cuja falta é notada na Venezuela, vem aqui com 40,5% de tributo embutido, sem falar na conta de telefone – com 49,78%, o cigarro (felizmente não fumo): 81,68%, além do macarrão, onerado em 35,22%.
A cerveja aparecia
com 56% de imposto e a cachaça com 83,07%, evidentemente muito pesado para o
incauto consumidor. Para aquecimento, observe-se que o cobertor traz consigo o
peso de 37,2%.
Atente-se, ainda,
para o fato de que, além destes tributos, o cidadão paga de 15% a 27,5% do
salário a título de Imposto de Renda. Fora colégio dos filhos, IPVA, IPTU,
INSS, FGTS etc.
A máquina
administrativa não funciona sem combustível, isto é, sem os recursos dos
impostos. Ficou provado: o atendimento das reivindicações dos caminhoneiros e
das empresas transportadoras de combustíveis vai gerar novos ônus para o
cidadão brasileiro, já suficientemente informado a respeito pela mídia. Serão
diminuídas as verbas destinadas à saúde, à educação, ao esporte e outras áreas.
Daqui menos de sessenta dias saberemos onde mais seremos sacrificados. Devemos
precaver desde já. O aperto verá irrevogavelmente.
Apesar de tudo,
continua – embora menos ostensivamente – a campanha política para as eleições
deste ano, mesmo não se sabendo exatamente os nomes dos indicados e suas
respectivas plataformas. Chamou-me a atenção a nota do colunista Leandro
Mazzini, na edição da última sexta-feira: “Lula faz campanha dentro da cadeia.
Tem usado os aliados que o visitam. O vereador Eduardo Suplicy levará mensagem
do ex-presidente para a Parada Gay em São Paulo”.
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