quinta-feira, 24 de maio de 2018

SEXUALIDADE EM QUESTÃO


Temas polêmicos da sexualidade

Simone Demolinari 







“Meu ex marido só queria sexo comigo imaginando que eu era outra pessoa. Ele gostava de me chamar por outro nome e imaginar uma pessoa diferente de mim. No inicio, eu embarcava na onda dele, mas com o tempo, me cansei daquilo. Eu só queria ser eu mesma. Cheguei a conclusão que ele usava meu corpo para imaginar outra mulher”.
“Minha ex-namorada sempre pedia para eu asfixia-la durante o sexo. No inicio até apimentava a relação, mas logo isso começou a me incomodar até me desestimular. Brochava quando ela vinha me pedindo isso”.
“Eu tinha o desejo incontrolável de “encoxar” as pessoas no ônibus, em shows, onde tivesse muita gente junta. Comecei a me policiar e consegui controlar isso. De vez em quando sinto a vontade voltando, então fico sem sair de casa. Volto a sair quando essa vontade passa”
No campo privado do sexo, o que é excitante para uns, às vezes, é inimaginável para outros. As fantasias, por exemplo, são práticas que aguçam o desejo de muitos. Ocorre com o consentimento de ambos, mas nem sempre sai do imaginário, muitos se contentam só em pensar ou falar, outros chegam a executar, porém de forma esporádica. Alias, essa é uma característica da fantasia, ele é facultativa, e não obrigatória.
A coisa se complica quando sai do campo da fantasia e vai para a parafilia–práticas compulsivas que se distanciam do comportamento sexual convencional. Impulsos intensos e recorrentes que se tornam preferência exclusiva sem o qual o indivíduo não consegue sentir prazer. Alguns exemplos:
– Asfixiofilia: é a intensificação do prazer através da privação do oxigênio do parceiro. É comum o uso de sacos plásticos ou técnicas de luta chamada “estrangulamento”.
– Froterismo: A palavra “frotteurismo” deriva do francês “frottage”, que significa friccionar. É a excitação que acontece friccionando o orgão sexual em outra pessoa que não consentiu. Geralmente isso ocorre em locais públicos ou espaços apertados como ônibus, metrôs, shows.
– Fetichismo: é a excitação por meio de objetos: roupa íntima, sapato de salto, botas.
– Masoquismo: é a obtenção do prazer através da dor.
– Sadismo: é o prazer em provocar dor, seja através de agressões físicas ou até o não consentimento na realização da prática. Um sexo forçado, por exemplo.
– Transtorno transvéstico: é obtenção de prazer vestindo roupas do gênero oposto.
– Urofilia: é a excitação sentida ao receber ou dar um jato de urina durante o ato sexual.
– Voyeurismo: observar, à distância, pessoas nuas ou praticando sexo.
– Pluralismo: é o prazer através do sexo com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
– Hipererotismo: é chamado no homem de satiríase e na mulher de ninfomania. Trata-se de pessoas que tem vontade incontrolável de manter relações sexuais. A falta de controle é o que determina a compulsão e não simplesmente o desejo.
Tratar a parafilia não é tarefa fácil. É necessário um trabalho terapêutico profundo para tentar descobrir a sua origem. Contudo, pessoas com esses comportamentos, dificilmente buscam tratamento espontaneamente. Só o fazem quando há prejuízos emocionais, com o(a) parceiro(a) afetivo(a) ou em sociedade. Se não tratada, a tendência da parafilia é se intensificar ao longo da vida.

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