Dois problemas em pauta
Manoel Hygino
Quem acompanha o
comentário julgará, possivelmente, que o pessimismo move a redação destes
textos. No entanto, há de se convir que o transcurso dos dias neste Brasil de
2018 não aponta outro posicionamento.
Embora o doce enlevo
produzido pelo expressivo espaço cedido pela mídia ao casamento real no inglês
castelo de Windsor, no último dia 19, sábado, o brasileiro já estava impregnado
de inquietude pela sucessão de reajustes nos preços dos combustíveis.
Num país como o
nosso, progresso exige energia e transporte, como constou da campanha de JK,
que se esmerou no objetivo no exercício do cargo.
Nem tantos anos são
passados, mas a energia hidrelétrica escasseia e as estradas são objeto de
intermináveis demandas, tal seu estado de conservação (ou de sua falta).
O brasileiro entende
de veículos automotores porque vive em um país eminentemente rodoviário. Entre
os desejos mais ardentes de cada cidadão estão um celular, uma televisão e um
carro ou moto, ultimamente o veículo mais usado em roubos e assaltos.
Aumentar o preço do
diesel e da gasolina constitui crime. Não se dá, contudo, maior atenção ao
transporte rodoviário, como na recente (ou na presente) situação. Fecham-se as
estradas e se impede a movimentação de caminhões que transportam inclusive bens
perecíveis para consumo da população. A manifestação dos caminhoneiros é
legítima, as autoridades competentes deveriam antever que haveria contestação à
incessante elevação de preços de gasolina e diesel, afetando os veículos
rodando pelo imenso chão do território nacional.
Evidente que a
política de preços de petróleo é correta. O presidente da Petrobras, Pedro
Parente, tem razão, principalmente depois da estigmatização da empresa federal
pela sucessão de escândalos, com repercussão internacional. Mas o governo como
um todo precisa ser sensível às decorrências.
O brasileiro tem de
estar consciente da dura realidade a que fomos lançados. Muito mais de doloroso
virá pela frente e que não será hostilizando o governo Temer que a situação
melhorará, pois vivemos agora os efeitos desastrosos de um período pretérito.
Ademais, não se
trata somente de petróleo. O sistema elétrico nacional passa por sérios
obstáculos e quem paga pelo desastre é sempre o consumidor, isto é, o cidadão.
Vender ou não vender
a Eletrobrás, criada no regime dos militares, é apenas um item na problemática
geral. Algo, realmente, muito difícil de se admitir, mas existe e tem de ser
tratado com coragem e prudência.
A chuva de
2017–2018, em volumes mais reduzidos do que o esperado, não possibilita
confiabilidade às hidrelétricas. Vai apelar-se à termelétrica, de preços
elevados. O vento não atende às necessidades complementares do país, nem com
ajuda de algum Dom Quixote.
O resultado já está
aí. Aumento na conta de luz, inclusive de Minas Gerais, a caixa d’água do
Brasil, como dizia o governador Bias Fortes. Preparar os bolsos. Há um consolo:
no Amapá, o reajuste nas tarifas será de 37%.
Valha-nos Deus.

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