Caminhoneiros
não aceitam proposta do governo e greve segue pelo 8º dia
Carolina Fernandes
Para o governo, há
participação de patrões, empresários do transporte e distribuição na greve
Os caminhoneiros
continuam em greve, nesta segunda-feira (28), em todo o Brasil, causando
desabastecimento de produtos e combustíveis nas cidades. Segundo a Polícia
Rodoviária Federal, foram registrados, nesse sábado (26), 554 pontos bloqueados
parcialmente nas rodovias brasileiras e 625 pontos desbloqueados durante esses
8 dias de paralisação.
Em Minas, os reflexos já atingem o abastecimento de gás de cozinha. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) (Asmirg-BR), Alexandre Borjaili, que responde nacionalmente pelas revendas do produto, já não há mais botijões disponíveis nos comércios do Estado.
“Praticamente
acabaram os botijões nas lojas mineiras. O consumidor não encontra mais nada e
a situação só tende a se agravar”, afirma. Em condições normais, o presidente
da Asmirg-BR afirma que são revendidos cerca de 3,5 milhões de botijões por mês
em Minas.
O Estado representa
10% do mercado nacional e o prejuízo estimado pelo Sindicato do Comércio
Varejista Transportador e Revendedor de GLP do Estado de Minas Gerais (Sirtgas)
para os comerciantes é de cerca de R$ 2 milhões por dia.
A falta de gás afeta
diretamente as pessoas que dependem de botijões para garantir o abastecimento.
Quem tem gás canalizado em casa não será afetado, porque o insumo é bombeado
diretamente das distribuidoras para os domicílios.
Conforme Borjaili, a
situação do estado preocupa as fornecedoras de gás de cozinha porque há
escolas, creches e hospitais que dependem do produto para prepararem as
refeições. “Muitas instituições de saúde utilizam o GLP para a alimentação e também
para aquecer ou esterilizar ferramentas”, observa.
Tropa na rua
Polícias estaduais, federais e tropas do Exército negociam a saída dos manifestantes das rodovias e fazem escoltas para liberar a saída de caminhões-tanque de refinarias. Na noite de domingo (27), o presidente Michel Temer anunciou seis medidas com relação às reivindicações dos caminhoneiros:
Tropa na rua
Polícias estaduais, federais e tropas do Exército negociam a saída dos manifestantes das rodovias e fazem escoltas para liberar a saída de caminhões-tanque de refinarias. Na noite de domingo (27), o presidente Michel Temer anunciou seis medidas com relação às reivindicações dos caminhoneiros:
1) A redução de R$
0,46 no preço do litro do diesel, correspondendo aos valores do PIS/Cofins e da
Cide, somados. De acordo com Temer, o governo irá cortar do orçamento, sem
prejuízo para a Petrobras;
2) A garantia de congelamento do preço do diesel por 60 dias. Depois desse período, o reajuste será mensal, de 30 em 30 dias;
3) Será editada uma Medida Provisória para a isenção de eixo suspenso em praças de pedágios, tanto em rodovias federais quanto nacionais;
4) O estabelecimento de uma tabela mínima de frete, conforme previsto no PL 121, em análise no Congresso;
5) A garantia de que não haverá reoneração de folha de pagamento no setor de transporte de carga;
6) A reserva de 30% do transporte da carga da Conab para motoristas autônomos.
Mais cedo, o Comando Militar do Sul (CMS) do Exército Brasileiro havia dito, em um vídeo divulgado em sua página oficial na internet, que espera a resolução do "problema" causado com a greve de caminhoneiros na região pela negociação, e não por meio da violência. O CMS pede que os caminhoneiros colaborem e ressalta que é "necessário que se entenda" que é por meio do diálogo que se chegará a uma solução que beneficie a todos.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se mostrou preocupado com a paralisação de caminhoneiros e disse que "a economia brasileira está sendo asfixiada". "Todos estamos na iminência de um grave conflito social", relatou em comunicado.
Para o governo, há participação de patrões, empresários do transporte e distribuição na greve. Já foram abertos 37 inquéritos, em 25 Estados, para investigar a prática de locaute. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 400 multas já foram aplicadas, que juntas somam pouco mais de R$ 2 milhões.
2) A garantia de congelamento do preço do diesel por 60 dias. Depois desse período, o reajuste será mensal, de 30 em 30 dias;
3) Será editada uma Medida Provisória para a isenção de eixo suspenso em praças de pedágios, tanto em rodovias federais quanto nacionais;
4) O estabelecimento de uma tabela mínima de frete, conforme previsto no PL 121, em análise no Congresso;
5) A garantia de que não haverá reoneração de folha de pagamento no setor de transporte de carga;
6) A reserva de 30% do transporte da carga da Conab para motoristas autônomos.
Mais cedo, o Comando Militar do Sul (CMS) do Exército Brasileiro havia dito, em um vídeo divulgado em sua página oficial na internet, que espera a resolução do "problema" causado com a greve de caminhoneiros na região pela negociação, e não por meio da violência. O CMS pede que os caminhoneiros colaborem e ressalta que é "necessário que se entenda" que é por meio do diálogo que se chegará a uma solução que beneficie a todos.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se mostrou preocupado com a paralisação de caminhoneiros e disse que "a economia brasileira está sendo asfixiada". "Todos estamos na iminência de um grave conflito social", relatou em comunicado.
Para o governo, há participação de patrões, empresários do transporte e distribuição na greve. Já foram abertos 37 inquéritos, em 25 Estados, para investigar a prática de locaute. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 400 multas já foram aplicadas, que juntas somam pouco mais de R$ 2 milhões.
Perda de
vendas nos supermercados brasileiros já é de R$ 1,3 bilhão
Estadão Conteúdo
Maior alta é do
preço de material de limpeza
Com a greve dos
caminhoneiros, os supermercados brasileiros já perderam vendas equivalentes R$
1,320 bilhão por conta do desabastecimento de produtos perecíveis, frutas,
verduras, legumes, laticínios e carnes in natura. Só os supermercados do Estado
de São Paulo deixaram de vender cerca de R$ 400 milhões de produtos perecíveis
desde o início da greve. O cálculo é do superintendente da Associação paulista
de Supermercados , Carlos Correa.
"É um estimativa conservadora", frisa o executivo. Apesar de a greve durar quase uma semana, ele considerou nos cálculos a perda de vendas de cinco dias porque, nos primeiros dias da greve, havia produtos perecíveis nas lojas e as vendas não foram prejudicadas. Correa diz que os produtos perecíveis respondem 36% das vendas dos supermercados e que a greve já afeta hoje 80% do abastecimento desses itens.
As estimativas de prejuízo correspondem à realidade encontrada pelos consumidores nas lojas.
Além da batata, a cebola, o tomate e as verduras estão entre os produtos que o consumidor mais sentia falta na manhã de ontem. Em uma outra loja da Rua Domingos de Morais, no mesmo bairro, as hortaliças já tinham acabado desde sexta-feira. No freezer em que elas costumam ficar guardadas, o lojista colocou garrafas de suco de laranja, para preencher parte do espaço vago.
O matemático Luiz Xavier, de 55 anos, faz as contas: "Se eu levar mais um pacote de arroz, fico tranquilo para os próximos dias". Ele, que vai todos os sábados ao supermercado, diz que o movimento aumentou ontem e que as pessoas parecem estar exagerando nas compras. "Sempre que tem uma ameaça de falta de produtos, as pessoas reagem estocando alimento em casa, o que só faz acelerar a escassez. Eu vou continuar comprando o que costumava levar, lembro bem do desabastecimento do Plano Cruzado (em 1986)."
O baixo movimento desanimou os feirantes do "varejão" da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O sábado, que costuma ser o dia mais movimentado, foi mais curto e muitos feirantes não foram embora antes do fim da feira. Eles estimam que metade das barracas nem abriram e o movimento caiu entre 60% e 70%.
"É um estimativa conservadora", frisa o executivo. Apesar de a greve durar quase uma semana, ele considerou nos cálculos a perda de vendas de cinco dias porque, nos primeiros dias da greve, havia produtos perecíveis nas lojas e as vendas não foram prejudicadas. Correa diz que os produtos perecíveis respondem 36% das vendas dos supermercados e que a greve já afeta hoje 80% do abastecimento desses itens.
As estimativas de prejuízo correspondem à realidade encontrada pelos consumidores nas lojas.
Além da batata, a cebola, o tomate e as verduras estão entre os produtos que o consumidor mais sentia falta na manhã de ontem. Em uma outra loja da Rua Domingos de Morais, no mesmo bairro, as hortaliças já tinham acabado desde sexta-feira. No freezer em que elas costumam ficar guardadas, o lojista colocou garrafas de suco de laranja, para preencher parte do espaço vago.
O matemático Luiz Xavier, de 55 anos, faz as contas: "Se eu levar mais um pacote de arroz, fico tranquilo para os próximos dias". Ele, que vai todos os sábados ao supermercado, diz que o movimento aumentou ontem e que as pessoas parecem estar exagerando nas compras. "Sempre que tem uma ameaça de falta de produtos, as pessoas reagem estocando alimento em casa, o que só faz acelerar a escassez. Eu vou continuar comprando o que costumava levar, lembro bem do desabastecimento do Plano Cruzado (em 1986)."
O baixo movimento desanimou os feirantes do "varejão" da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O sábado, que costuma ser o dia mais movimentado, foi mais curto e muitos feirantes não foram embora antes do fim da feira. Eles estimam que metade das barracas nem abriram e o movimento caiu entre 60% e 70%.
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