Zuckerberg
pede perdão no Parlamento Europeu por escândalo de dados
Agence France Presse
"Foi um erro,
desculpem-me", reconheceu Zuckerberg
O fundador do
Facebook, Mark Zuckerberg, pediu perdão no Parlamento Europeu, em Bruxelas,
nesta terça-feira (22), pelas falhas cometidas pela rede social na proteção de
dados de seus usuários, ilustradas pelo escândalo Cambridge Analytica.
"Ficou
evidente, nos últimos dois anos, que não fizemos o suficiente para impedir que
as ferramentas que criamos também fossem usadas para fins prejudiciais",
declarou Zuckerberg no início da audiência.
Informações falsas,
interferência em eleições, ou desenvolvedores utilizando informações pessoais
de maneira mal-intencionada: o Facebook deve assumir suas responsabilidades.
"Foi um erro,
desculpem-me", reconheceu Zuckerberg, como o fez diante dos parlamentares
americanos no mês passado.
A visita à Europa
foi organizada para acontecer poucos dias antes da entrada em vigor, em 25 de
maio, do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) europeu, que obriga os
grupos que operam na Internet a adaptarem suas condições de uso às leis
europeias.
O presidente do
Parlamento Europeu, Antonio Tajani, indicou no domingo que Zuckerberg havia
aceitado que sua audiência fosse transmitida ao vivo na Internet, após a
pressão exercida por influentes eurodeputados.
No mês passado, os
legisladores americanos submeteram o bilionário a um longo interrogatório para
compreender como a empresa Cambridge Analytica foi capaz de explorar os dados
de milhões de usuários do Facebook para fins políticos.
"Há mais
usuários do Facebook na Europa do que nos Estados Unidos, e os europeus merecem
saber como seus dados são tratados", cobrou a eurodeputada Vera Jourova.
Segundo números
fornecidos pelo Facebook à Comissão Europeia, os dados de "até 2,7
milhões" de europeus podem ter sido transmitidos "de maneira
inapropriada" à Cambridge Analytica, envolvida na campanha presidencial de
Donald Trump.
O discurso de
Zuckerberg em Bruxelas deve, portanto, ecoar suas declarações em Washington,
onde reconheceu que não "assumiu a dimensão de nossas
responsabilidades".
Para o deleite das
autoridades europeias, ele até descreveu como "passos positivos" as
novas regras rigorosas que entram em vigor em 25 de maio na UE.
O RGPD criará, ou
fortalecerá, os direitos individuais e imporá obrigações rigorosas às empresas
que coletam, ou processam, informações pessoais dos europeus onde quer que
estejam estabelecidas.
Todas essas empresas
e organizações que coletam dados, estejam elas presentes, ou não, na Internet,
terão de cumprir as regras, ou enfrentar multas pesadas.
Essas regras incluem
para os cidadãos o "direito de saber" quem lida com seus dados e para
qual finalidade, bem como o direito de se opor a seu uso, principalmente para
prospecção comercial.
Zuckerberg vai se
encontrar com Tajani por meia hora, antes da audiência com os líderes dos
grupos políticos do Parlamento Europeu.
Na quarta-feira, o
chefe do Facebook fará parte dos 50 líderes de grandes empresas digitais
recebidos em Paris pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

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