O Norte de Minas no Planalto
Manoel Hygino
Pelas voltas que o
mundo dá ou por obscuras razões do destino. Isto é, pelo encadeamento de fatos
determinados por leis necessárias ou fatais, Minas Gerais é o único Estado a
que coube fazer-se representar na chefia do Executivo Nacional por uma mulher: e
mais de uma vez.
Primeiro, quando
Dilma Rousseff, belo-horizontina nascida no Hospital São Lucas, sucedeu ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de sufrágio popular; e – esta
semana – quando a montes-clarense Cármen Lúcia Antunes Rocha, por força das
circunstâncias, ocupou o cargo, por curto tempo, durante viagem do presidente
Temer ao Peru.
Um fato a que ela
não poderia faltar, como presidente do Supremo Tribunal Federal. Por
coincidência, numa sexta-feira 13, mas de abril. Com a substituição, evitou-se
que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Eunício de Oliveira,
se incompatibilizassem à disputa eleitoral de 2018.
Não é o melhor tempo
o que atravessamos, por numerosos fatores e sintomas perceptíveis. Até as ruas,
pelas quais transitamos no nosso cotidiano, se mostram acabrunhadas, como se
refletissem o desencanto de uma população: que já teve paz, tranquilidade – no
mínimo para as tarefas indispensáveis à vida, à percepção de salários, que –
mesmo diminutos – pudessem assegurar o pão-nosso-de-cada-dia. Os ricos ficam de
fora dessas considerações e padecimentos.
Há de se observar
que esta é a segunda vez que o Norte de Minas chega à presidência. A primeira
foi com Juscelino, que no ano passado festejaria aniversário de formatura em
medicina pela Universidade de Minas Gerais. Foi uma época de distensão
política, de amena convivência, que permitiu que se executasse em cinco anos
uma administração de cinquenta, em realizações em favor do Brasil e dos
brasileiros. Em maio, Cármen Lúcia, que o Brasil conheceu pelos veículos de
comunicação mais recentemente, voltará ao cargo. Só se pode augurar a quem vier
a suceder a Temer, dias melhores e mais felizes, como os da época de JK, por
exemplo.
Daqui a poucos
meses, a nação escolherá um novo presidente. A inspiração emanada da operosa e
sofrida gente norte-mineira poderá servir de aconselhamento na hora da magna
decisão. Serão mais quatro anos de governo, a partir do vindouro janeiro, que
tanto representa em esperança do cidadão de hoje e das futuras gerações.
O Brasil tem um
grave, até porque imenso, dever a cumprir. O que mais se poderia desejar é que
se sinta a democracia como um modo de vida e uma conquista permanente, como
disse a própria Cármen, há poucos dias, na Faculdade de Direito da UFMG.
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