Além de armas e blindados
Manoel Hygino
A intervenção
militar federal no estado do Rio de Janeiro não pode nem deve ser encarada como
simples tomada de posição em face de problema em uma unidade federativa.
Tampouco pode ser vista como providência meramente política, considerados os
graves aspectos envolvendo a segurança, numa área de notável significação
histórica, intelectual e artística. De fato, o estado do Rio ocupa posição
estratégica singular para o país e para a nação.
Há de se convir que
a violência não se restringe unicamente àquela região. De fato, todos os
estados, em seus rincões ou nas capitais, passam por um momento de gravidade,
que se medirá pelo fragor das estatísticas, que não se deve ignorar ou
menosprezar. O Brasil vive sob o signo da criminalidade disseminada em todos os
setores e atividades.
A propósito, o
general Braga Neto declarou, com consciência de difícil missão que lhe foi
atribuída: “Não haverá território em que a polícia não entre. Se houver mandado
e a polícia desejar entrar, ela pode fazê-lo com maior ou menor dificuldade.
Quando ela pede nosso apoio, nós entramos em qualquer lugar do estado”.
O que está em risco
não são as UPPs pacificadoras que, por sinal, nada pacificaram ou encontraram
condições somente para amenizar situações extremamente conflitivas. Mas a violência
no Brasil não reside mais aqui e ali. O crime está distribuído e organizado
sistematicamente, nele atuando centenas e centenas de agentes do mal. O Rio de
Janeiro é ponto de referência, mas não caso isolado.
O Brasil precisa
mais do que novos e mais modernos armamentos, mais do que viaturas e blindados,
para servir a todas as unidades da federação. Tem-se de compenetrar de que há
uma guerra, em que devem se empenhar todos os segmentos da sociedade, além dos
que servem às forças armadas e às polícias. As quadrilhas já identificadas,
seus comandantes, têm de ser tratados como tal, formadas por seres humanos que
perderam o itinerário do bem e de superiores interesses.
Se assiste, a cada
dia e hora, a ação de baderneiros e bandoleiros, seguros de serem os donos
inexpugnáveis de negócios, evidentemente escusos. Mas, o Brasil não está à
venda nem o futuro das gerações que ora se formam. A maneira insistente, sem
medo e pudor dos criminosos nas áreas sob alerta das autoridades, demonstra que
eles se julgam capazes de resistir à lei, à ordem, danificando o patrimônio
público e privado, sacrificando a vida de milhões já atormentados pela força de
outros desvios do interesse nacional.
Os direitos humanos
têm de ser respeitados. Não simplesmente pelos que lutam pela paz, palavra de
três letras que contém um desígnio especial e humano inabalável e da maior
grandeza. A luta pelo bem e pelo futuro reclama coesão e consciência. Como tal
deve ser encarada, se reconhecendo de antemão que serão embates duros, com repercussão
ampla e profunda.
Os inúmeros erros de
sucessivos e muitos anos de enganos e desenganos, poderão se repetir em
refregas com aqueles que não sonham com o Brasil abençoado por Deus, que
desejamos transferir às novas gerações. Não é mais hora de tergiversíveis,
adiamentos e procrastinação. Cumpre seguir com prudência, mas agir.

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