Perguntas e dúvidas
Manoel Hygino
É quaresma. Espaço
de quarenta dias de jejum, desde a quarta-feira de cinzas, inclusive, até
domingo de Páscoa, exclusive. A paisagem natural, como o roxo das plantas
demonstram, que chegado é o tempo, já não mais respeitado do jejum que marcou o
passado.
Na Quaresma, ao
findar a última semana de fevereiro, uma tempestade desabou sobre Belo
Horizonte, deixando um rastro de destruição e uma morte. O tempo fechado,
plúmbeo, parecia prenunciar o desastre sobre a montanha. Aconteceu.
Terminado o horário
de verão, que incomodou grande parte dos brasileiros, reencorpadas as represas
hidrelétricas, afastou-se temporariamente a inquietude com o provável
alongamento do racionamento de água e energia em determinadas regiões, porém
permanecem ou surgiram novas preocupações. Este é um ano de eleição e, se a
economia dá sinais de melhoria, muitas outras perspectivas são sombrias.
Anuncia-se que os
partidos políticos terão mais de R$ 888 milhões de fundo público para o pleito,
sendo muitos os candidatos a candidatos à presidência da República e aos demais
cargos em disputa. Indaga-se o brasileiro sobre alguém, que, honesto e
patrioticamente, poderá exercer tão excelsas funções. Dúvidas cruéis.
O Carnaval de 2018
ficou para trás, com euforia belo-horizontina de quem aprecia Momo e seus
folguedos, ignorando as frustrantes filas à rede pública de saúde. A febre
amarela ameaça. Pelas rádios e TVs, há a notícia de que o gás de cozinha
triplica o preço desde que sai da refinaria até chegar ao consumidor. Como?
Em Jacarepaguá, estado
do Rio, um subcomandante de Unidade Pacificadora foi executado após entregar a
arma. Trata-se do terceiro militar morto desde a nomeação do general Braga Neto
para interventor federal de segurança pública. Tinha 26 anos e apanhava um
lanche no comércio para alimentar-se.
Ainda naquele
estado, um juiz federal, foi flagrado dirigindo o Porsche apreendido do notório
empresário Eike Batista. O magistrado se viu condenado pela própria Justiça
Federal a 52 anos de prisão. Que exemplo!
Minas, Espírito
Santo e São Paulo temem a fuga em massa dos criminosos do Rio para seus
territórios. Há natural medo de que os delinquentes, perigosos e poderosos, se
escondam além dos limites fluminenses. É melhor prevenir, se é que ainda há
tempo.
Vinte milhões de
casas no Brasil já são abastecidas pela energia gerada pelo vento, o que
significa 11%. O país descoberto por Cabral ultrapassa o Canadá e Itália no uso
dessa fonte. Não se informou, contudo, como o vento fornecerá alimentos às
residências. Há jeito?
Depois das notícias
e considerações, pergunto-me com relação à Constituição, tão citada em
discursos e sentenças. A Carta Magna, quando falou do júri, usou o termo
“soberania”. Quer dizer: o último poder, sobre o qual outro não existe. Sem
embargo, a jurisprudência mudou o espírito da Constituição e se permitiram
recursos a tribunais superiores. As decisões são soberanas? Com tais
inquirições, perde-se o sono.

Nenhum comentário:
Postar um comentário