Lembretes talvez úteis à hora
Manoel Hygino
O Brasil acompanha
cuidadosamente, como em poucas outras vezes, os acontecimentos no cenário
jurídico e político. Não basta ter opinião formada, o importante é a
consciência em torno dos fatos, de suas causas e efeitos a curto, médio e longo
prazos, pelo menos meditar seriamente sobre eles.
Para uso pessoal,
recorri a trechos de um discurso do desembargador Rogério Medeiros: Eis Will
Durant: “Todas as concepções morais giram em torno do bem geral. A moralidade
começa com associação, interdependência e organização. A vida em sociedade
requer concessão de uma parte da soberania do indivíduo à ordem comum; e a
norma de conduta acaba se tornando o bem-estar do grupo. A natureza assim o
quer, e o seu julgamento é sempre definitivo; um grupo sobrevive, com concorrência
ou conflito com um grupo, segundo sua unidade e seu poder, segundo a capacidade
de seus membros de cooperarem para fins comuns”.
E Aristóteles,
citado por Giovani Reale: “Se, de fato, idêntico é o bem para o indivíduo e
para a cidade, parece mais importante e mais perfeito escolher e defender o bem
da cidade; é certo que o bem, desejável mesmo quando diz respeito só a uma
pessoa, é mais belo e mais divino quando se refere a um povo e às cidades”.
José Arthur
Gianotti: “Quiseram construir um mundo sem ética. E a ilusão se transformou em
desespero. No campo do direito, da economia, da política e da tecnologia, as
grandes expectativas de um sucesso neutro, alheio aos calores éticos e humanos,
tiveram resultado desalentador e muitas vezes trágico”.
O historiador José
Murilo de Carvalho, referindo-se a Paulino José Soares de Souza, Visconde do
Uruguai, filho de um médico brasileiro, nascido em Paracatu (terra de Joaquim
Barbosa), observa: “Muito dos males apontados por Uruguai reativos à política
nacional, como a distância entre o governo e povo, a burocracia absolutista e
ineficaz, a mania de esperar tudo do Estado, o sufocamento dos municípios, a
inadequada distribuição de responsabilidade entre municípios, províncias e
governo central, o empreguismo, o empenho, o ocultismo, o patronato, o
predomínio dos interesses pessoais e de facções, a falta de espírito público, a
falta de garantia dos direitos individuais, continuam na ordem do dia, posto
que atenuados”.
O professor Luiz
Werneck Vianna, em 2013: “É hora de a política se fazer presente. Removendo
práticas e instituições que levaram a atividade à degradação, deixando a
sociedade brasileira prisioneira do anacronismo destes novos coronéis da vida
republicana. Na política, os poderes abusaram do despudor, os valores foram
dissolvidos. As pessoas não querem apenas de volta a estabilidade na economia.
Elas desejam também recuperar o respeito perdido, a dignidade aviltada pela
vulgarização dos modos e a celebração das espertezas”.
O próprio Werneck
continua: As ruas começaram a falar sobre aumento das tarifas e os péssimos
serviços dos transportes públicos, mas seguem falando de muito mais: de
corrupção, de descaso, de desmandos, de desonra, de desvios de conduta. Na
economia, o poder público (...) abusou da sorte e agora chega para todos a
dolorosa conta da farra de gastos.
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