Temer diz que
vetará possível transferência de controle da Embraer para a Boeing
Agência Brasil
Para o presidente, a
Embraer tem uma grande simbologia para o país
O presidente Michel
Temer afirmou hoje (29) que vetará a transferência do controle da Embraer para
a empresa norte-americana Boeing, caso ela ocorra, conforme foi cogitado por
dirigentes da empresa. “Não vamos abrir mão do controle da Embraer”, garantiu,
em entrevista à Rádio Bandeirantes. Temer disse que é legítimo que a Boeing
queira aumentar sua participação, mas não a ponto de ter o controle total da
empresa.
Temer comparou a
Embraer à Petrobras. “A Embraer tem uma simbologia muito grande para o país,
mais ou menos como a Petrobras”, disse sem descartar que uma parceria entre a
Embraer e a Boeing seja realizada no futuro. O presidente também defendeu o
controle majoritário nacional da empresa em entrevista publicada nesta
segunda-feira (29) no jornal Valor Econômico.
Eletrobras
Outro tema abordado
pelo presidente nas entrevistas foi a privatização da Eletrobras, que aguarda
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nós vamos explicar direitinho [aos
parlamentares] e certamente vamos ter não só a compreensão, mas o apoio,
inclusive dos governadores. Há clima para aprovar isso”, avaliou.
Temer também
defendeu o aumento das ações da iniciativa privada na Eletrobras para atrair
cerca de R$12 bilhões para os cofres da União. O presidente citou que estudos
apontam que a “descotização” da empresa pode reduzir as tarifas de energia e
reiterou que parte do valor arrecadado será utilizado na revitalização do rio
São Francisco.
Cristiane Brasil
Questionado sobre a
posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho, suspensa
pelo STF, o presidente disse que, apesar de entender que se trata de um assunto
de competência exclusiva do presidente da República, aguarda uma decisão
definitiva da Justiça. “Eu serei respeitoso com relação à independência e
harmonia dos Poderes. Se ao final, o Judiciário disser que não pode, muito bem,
que assim seja. Mas como nós estamos litigando judicialmente e estamos dando
argumentos [para reverter a decisão], eu me sinto à vontade para dizer de
público que seria de bom tom se nós tivéssemos esta vitória, que não é do
governo. É uma vitória do sistema jurídico da harmonia dos Poderes”, disse.
Temer foi
questionado sobre outras decisões do governo contestadas na Justiça, como por
exemplo a medida provisória (MP) 814/17 (que trata da privatização da
Eletrobras), as regras para o indulto natalino de 2017 (cujos benefícios
incluíam presos que praticaram crimes de corrupção e lavagem de dinheiro) e a
portaria do Ministério do Trabalho que mudou as regras de enquadramento de
práticas no trabalho escravo, Temer defendeu a independência entre Poderes. “Eu
sempre prestigio as instituições porque elas são permanentes, nós passaremos. O
ideal dos ideias é que nós todos tenhamos a mais absoluta convicção de que a
minha competência vai até onde começa a competência do outro. Essa é uma
pregação muito útil”, alertou o presidente.Lula
Sobre a situação
política do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que pode ser
impedido de se candidatar nas eleições deste ano por causa da Lei da Ficha
Limpa, Temer disse que preferiria que o petista não tivesse enfrentando
problemas com a Justiça e pudesse disputar as eleições normalmente. “Isso pacificaria
o país”, disse, acrescentado que a figura o ex-presidente é “ muito
carismática” e que Lula certamente exerce muita influência no país.
Segurança pública
Outro assunto que o
presidente comentou durante a entrevista à Rádio Bandeirantes foi segurança
pública. Temer lembrou das situações em que as Forças Armadas reforçaram ações
em diferentes estados, seguindo o dispositivo da Garantia da Lei e da Ordem.
O presidente
confirmou a possibilidade de criação de um mistério especializado no tema ou
uma “Força Nacional de Segurança que esteja sempre à disposição dos estados”.
Com a preocupação de não invadir a competência das unidades federativas, ele
adiantou que a medida está em estudo.
Sobre mudanças na
legislação, Temer declarou que não acredita que o aumento de pena tenha impacto
sobre a redução da criminalidade. Sobre a privatização do sistema prisional,
possibilidade que foi cogitada durante sua gestão como secretário de Segurança
Pública em São Paulo, o presidente afirmou que o tema ainda está em pauta, mas
não há consenso sobre ele.
Questionado pela
Rádio Bandeirantes sobre a governança de estatais e bancos públicos como a
Caixa Econômica Federal, Temer disse que, com base na Lei das Estatais,
sancionada por ele no ano passado, os conselhos gestores das entidades têm
discutido tirar da Presidência da República a indicação dos vice-presidentes
dessas instituições.
Defesa da honra e
final de mandato
Temer também se
defendeu das denúncias por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução
da justiça apresentadas contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ele disse que “tem muito apreço pelo Ministério Público”, mas avaliou as
acusações como irresponsáveis e reconheceu que os processos trouxeram prejuízos
para alguns projetos, como o atraso da votação da reforma da Previdência.
Após essa votação e
a aprovação de uma simplificação tributária, que o governo tem como prioridades
em 2018, Temer afirmou que se dedicará à recuperação da sua honra, já que foi
“desmoralizado por embates de natureza moral”. “Não vou admitir mais que se
diga impunemente que o presidente é trambiqueiro, que fez falcatruas . Não vou
permitir. Vou aproveitar esses seis meses [ que restam de governo] depois de
fazer as boas reformas para o país para recuperar meus aspectos morais. Aliás,
os meus detratores estão na cadeia e quem não está na cadeia está desmoralizado
porque foi desmascarado por fatos concretos. Ninguém está na cadeia à toa”,
afirmou.
O presidente disse
que a movimentação do período eleitoral não tem atrapalhado a administração
federal e afirmou que quer ser lembrado pelas ações positivas de seu governo.
“Como alguém que produziu um legado positivo para o Brasil. É desta maneira que
quero ser lembrado”, afirmou.
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