Chega do menos ruim
Mateus Simões
Com Lula fora das
eleições – e ele estará fora das eleições se ainda houver justiça no país – o
cenário político de 2018 começará a se alinhar. Com a possibilidade do abandono
da discussão do antilulismo para inaugurar um novo e revolucionário processo de
escolha de candidatos ao Executivo, que pareça menos com a paixão desarrazoada
de um torcedor de futebol e mais com a escolha ponderada de quem vai contratar
um empregado.
No fundo é isso: o
eleito trabalha para os eleitores e deveria ser escolhido pelo que já
demonstrou ser capaz de realizar, pelos exemplos que soma e pelos valores que
representa. E não porque trocou mais favores com os prefeitos e vereadores,
aliciou mais deputados ou cooptou mais entidades.
O cenário que começa
a se desenhar vai fornecer, nas várias instâncias, a possibilidade de escolha
de pessoas que não faziam parte da política, mas que resolveram que já é tempo
de retomar o espaço público – de garantir que os interesses que povoam o espaço
político possam ser os da população eleitora e não os da minoria eleita. Essas
são as escolhas naturais, não pela novidade que possam representar, mas pela
condição de contribuição, de disrupção que apresentam.
Talvez se
recuperarmos a noção de que a política não deveria ser profissão, que o
político não deveria ser um sujeito deslocado da realidade social e que os
compromissos dele não podem ser estabelecidos com os outros políticos – mas com
a maioria dos eleitores –, as coisas possam ser diferentes em algumas décadas.
Isso mesmo, décadas. Não há soluções de curto prazo para o desastre político do
país. Mas se não começarmos já, nem a longo prazo teremos qualquer avanço.
Ao contrário, se não
formos capazes de evoluir o processo de escolha eleitoral do país, o mais
provável é que continuaremos a ser um país de segunda importância, uma economia
periférica e o lugar de onde a maioria quer sair (ou fugir) sempre que tem
oportunidade.
Por isso, escolhendo
nada menos do que seis cargos esse ano (deputados estadual e federal, dois
senadores, governador e presidente), coloque-se no lugar do recrutador de
recursos humanos da maior entidade com a qual você já se relacionou – e a que
mais é capaz de lhe prejudicar ao longo da vida.
Em Minas, espero que a sanidade tenha uma chance de prevalecer…
Em Minas, espero que a sanidade tenha uma chance de prevalecer…
Quem sabe se escolhermos
os candidatos que possam mudar a realidade – ao invés daqueles que menos nos
desagradam –, chegamos à eleição de gente que efetivamente mereça ser eleita…
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