Reforma fiscal
nos EUA é ameaça para os pobres, segundo ONU
Agência France
Presse
A reforma fiscal
atualmente discutida no Congresso americano ameaça implodir o sistema de
assistência social para os mais pobres, afirmou nesta sexta-feira (15) uma
especialista da ONU em Washington.
Philip Alston,
relator especial das Nações Unidas sobre a pobreza extrema e os direitos
humanos, fez as declarações ao concluir uma visita de duas semanas aos Estados
Unidos e a Porto Rico, onde estudou "como a pobreza extrema afeta o
respeito aos direitos humanos".
O vasto projeto de
reforma fiscal e redução de impostos, proposto pelo presidente Donald Trump,
"representaria um aumento mais forte das desigualdades que alguém pode
imaginar", se for aprovado, afirmou Alston em coletiva de imprensa.
Para financiar a
reforma, o governo da maior potência econômica mundial, "foca em fazer
grandes economias e encerrar vários programas" sociais, que "vão
fazer explodirem" os sistemas de proteção social, alertou o diplomata
australiano.
"O projeto de
reforma fiscal é essencialmente uma tentativa de fazer dos Estados Unidos o
campeão mundial de desigualdade extrema", disse.
O governo de Trump
apresentou a reforma, que deve ser votada antes do Natal, como "a maior
redução de impostos da história", para estimular o crescimento, os
salários, os lucros das empresas e repatriar as receitas de multinacionais. Mas
alguns especialistas estimam que isso só beneficiará os mais ricos.
Nos Estados Unidos,
12,7% da população, cerca de 40,6 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha de
pobreza. A taxa de pobreza entre os brancos não hispânicos é de 8,8%, enquanto
entre os negros é de 22% e entre os hispânicos é de 18,4%.
Alston denunciou
justamente a "dimensão racial" da pobreza. Mas existem também
"brancos vivendo na pobreza extrema no país" e "os golpes no
sistema social são para todo mundo", afirmou.
Ele também criticou
os obstáculos administrativos que impedem os mais pobres de "fazer valer
seus direitos civis e políticos".
Alston deve
apresentar seu relatório final ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho
de 2018 em Genebra.
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