O que está por trás das pessoas “boazinhas”
Simone
Demolinari
Dedicar-se a ajudar
o próximo, é, sem dúvida, um ato de generosidade, sobretudo nos dias de hoje
onde o egoísmo prepondera. Contudo, há de se pensar com cautela sobre isso.
Muitas vezes, o nobre ato de ajudar, pode não ser tão nobre assim. “Tal qual as
questões físicas, as psíquicas não são necessariamente aquilo que parecem ser”,
assim disse Freud. É preciso enxergar além daquilo que se vê.
Não podemos
desprezar as pessoas cujo o dom genuíno é o altruísmo. Estes, dedicam-se ao
próximo abnegando suas próprias necessidades e abstendo-se de qualquer
benefício. A própria doação retro-alimenta a reciprocidade.
Contudo, nem todos
os generosos estão a serviço do altruísmo genuíno. Boa parte deles aprenderam a
priorizar o outro em detrimento do si. Portanto uma pessoa “boazinha”, na
verdade, pode estar sendo vítima das suas próprias fraquezas, embora nem sempre
não se dê conta disso.
Alguns motivos que estimulam um indivíduo a ser “bonzinho”:
Alguns motivos que estimulam um indivíduo a ser “bonzinho”:
1- Dificuldade em
falar não: essa dificuldade está diretamente ligada à culpa. Negar um pedido de
alguém, gera, equivocadamente, um sentimento de culpa, como se houvesse uma
obrigatoriedade em fazê-lo. Há quem chegue à situação extrema de comprar coisas
das quais não gostou só pela dificuldade em dizer “não” ao vendedor. Uma lógica
invertida onde um vira o “bonzinho” para atender a demanda do outro.
2- Medo da rejeição:
Viver evitando a rejeição é um caminho curto para se tornar um “bonzinho”. A
lógica é: quanto mais eu agradar, menor a possibilidade do outro me largar.
3- Necessidade de
ser aceito: Não basta evitar a rejeição, é preciso ser aceito. Receber o aval
do outro faz surgir um sentimento de mais valia. Por isso, quanto mais
“bonzinho” maior a chance de ser imprescindível na vida do outro.
4- Insegurança: A
insegurança é a ausência de convicção. Pessoas inseguras, além de não confiarem
em si, se sentem, por vezes, inadequadas. Frente a isso, costumam se tornar
“boazinhas”, divertidas e solícitas – uma maneira inconsciente de compensar sua
insegurança.
5- Carência afetiva:
Os carentes estão sempre tentando “comprar” afeto. Por isso tornam-se
“bonzinhos” e exímios doadores. O tamanho da carência é proporcional à doação.
Ofertar ao outro, nesse caso, revela uma tentativa de “garantir” uma
retribuição em forma de afetividade.
6- Baixa autoestima:
autoestima é o juízo de valor que eu faço a meu respeito, portanto, se me
avalio por baixo, acabo sendo permissivo aos abusos e ainda continuo
“bonzinho”.
7- Vaidade: ainda
que seja difícil admitir isso, algumas pessoas se tornam “boazinhas” para serem
reconhecidas como tal. Praticam o bem, fazem favores, ofertam ajudas, lideram
campanhas sociais, porém arrumam um jeito de divulgarem sua bondade na
internet.
Se reconhecer
“bonzinho” por fraqueza, não é tarefa fácil. A autocrítica nem sempre está ao
alcance de todos. A anomalia se desenvolve à espreita: despoja o afetado de
lucidez deixando-o acreditar que ser “bonzinho” é bom. Nem sempre é.
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