De olho em
2018 e em busca de 'likes', políticos mineiros reforçam presença na rede social
Da Redação
Com uma campanha
eleitoral mais curta, de apenas 45 dias, e menos dinheiro, já que o novo teto
para os gastos está em vigor, cresce exponencialmente a importância das redes
sociais como meio de melhorar a imagem da classe política – desgastada com a
“Lava Jato” – e de angariar votos.
A pouco menos de um
ano para o pleito, políticos mineiros tarimbados, pretensos candidatos e
partidos começam a definir estratégias e já lançam mão do mundo virtual. Nas
mídias sociais, desfilam algumas pré-candidaturas – o que é permitido pela
legislação eleitoral.
PUBLICIDADE
Um dos
pré-candidatos ao governo de Minas mais atuantes nas mídias sociais é o
ex-deputado Dinis Pinheiro (PP). Mas ele, mineiramente, nega que seja
pré-candidato. “Ainda é cedo. Só se tira o sapato na beira do rio”, diz. Mesmo
assim, admite que tem usado a internet como forma de conversar com o eleitor.
Ex-presidente da
Assembleia Legislativa de Minas, Dinis diz que seu trabalho nas mídias sociais
ainda não exige uma equipe profissional. “São no máximo duas pessoas. E eu
mesmo estou envolvido”, afirma, sem revelar se já mudou alguma estratégia
depois da repercussão de alguma postagem. “Estamos ali para discutir, debater e
ouvir sugestões”, resume. A fanpage de Dinis Pinheiro já tem cerca de 130 mil
seguidores. Só neste ano, ele visitou entre 70 e 80 cidades mineiras.
Já o ex-prefeito de
Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que também é pré-candidato ao Palácio
Tiradentes, viajou por mais de 100 cidades de janeiro de 2017 pra cá. Tudo
devidamente registrado nas redes sociais.
Na sua página do
Facebook, onde acumula mais de 45 mil curtidas, as postagens são quase que
diárias. Em uma das publicações mais recentes, Lacerda, que é presidente
estadual do PSB, disse que só será candidato no ano que vem se tiver um plano
de governo com propostas viáveis. “Não irei nunca prometer uma coisa e fazer
outra”, escreveu.
Clique para ampliar
O presidente do PDT
mineiro, Mário Heringer, também reconhece o poder das mídias sociais. Tanto que
já tem conversas adiantadas com o especialista em Marketing Eleitoral e Digital
Marcelo Vitorino. “O contrato deverá ser assinado nos próximos dias”, revela.
Além de Minas, Marcelo também estaria sendo sondado para trabalhar na campanha
do presidenciável Ciro Gomes, pelo PDT nacional.
Heringer critica a
legislação que diferencia pré-candidatos de candidatos. “É uma hipocrisia. Estão
cerceando as discussões políticas. Mais do que nunca precisamos ampliar o
debate e as discussões. Sem isso, não se faz política”, alfineta.
Legislação
Enquanto a campanha
não esquenta, todos devem – segundo a legislação eleitoral – se apresentar nas
mídias sociais como pré-candidatos. Porém, a regulamentação recebe algumas
críticas.
“Não se pode pedir
votos, e sim, apoio político. Mas como diferenciar um do outro? É uma linha
muito tênue, mas há jurisprudência”, diz o especialista em Direito Eleitoral
Raphael Maia. Segundo ele, a Justiça entende que pedir votos é citar um número
específico que já remete àquele candidato.
Maia lembra que o
então candidato Hélio Costa teve que mudar sua identificação no Twitter onde
aparecia com o nome de @heliocosta15. A interpretação foi a de que ele já
remetia ao número de seu partido, o PMDB.
Somente após as
convenções, previstas para junho, é que as candidaturas serão oficializadas.
Reversão da imagem
negativa requer tempo e estratégia
Apesar dos esforços
no mundo virtual, há pela frente um longo caminho a ser percorrido. Para o
especialista em Marketing Eleitoral e Digital Marcelo Vitorino, ainda falta
muito para que as pessoas façam a coisa certa.
“Como o nome diz,
redes sociais demandam relacionamento social. Não é da noite para o dia. Não há
prazo para reversão da imagem arranhada de um político, por exemplo, porque vai
depender da estratégia. Além das redes, há ainda a reputação no Google, que
demanda, no mínimo, seis meses de trabalho”, calcula.
Para ele, o eleitor
cansou de “conversa mole”. “Ele quer as cartas na mesa. Ficha Limpa é o mínimo.
Mais do que se mostrar como o novo, será necessário se apresentar como autêntico”,
diz.
Com relação a
reverter os danos à imagem dos políticos, Vitorino cita o exemplo do senador
Aécio Neves.
“Ele já vinha perdendo musculatura política. Porém, o afastamento do Senado foi além e o jogou no grupo de corruptos para o eleitor médio. Pensar em expansão de marca diante de um cenário como o que ele encontra é jogar o pouco tempo que tem fora. Agora terá que tentar salvar o nome, provavelmente fazendo um resgate histórico”, opina o especialista. Aécio alega inocência.
“Ele já vinha perdendo musculatura política. Porém, o afastamento do Senado foi além e o jogou no grupo de corruptos para o eleitor médio. Pensar em expansão de marca diante de um cenário como o que ele encontra é jogar o pouco tempo que tem fora. Agora terá que tentar salvar o nome, provavelmente fazendo um resgate histórico”, opina o especialista. Aécio alega inocência.
Legendas
Procurado para falar
sobre as estratégias em mídias sociais, o PSDB, por meio da assessoria de
comunicação, alegou que o partido não influencia nem elabora nenhum
planejamento, deixando as estratégias para os próprios candidatos.
Os demais partidos em Minas não se posicionaram. A maioria já atua nas mídias sociais com atualizações frequentes.
Os demais partidos em Minas não se posicionaram. A maioria já atua nas mídias sociais com atualizações frequentes.
Impulsionamento
Vitorino prevê ainda
um novo momento das mídias sociais e sua grande influência nas eleições. Com a
permissão do chamado “impulsionamento de conteúdo”, o especialista acredita que
os candidatos vão “sair da bolha”. Com conteúdos patrocinados, os
pré-candidatos terão a chance de falar com públicos que estão além do seu grupo
habitual de seguidores.
Porém é preciso
cuidado, alerta. O conteúdo deve ser de qualidade e abrangente. “Não é como
vender fralda”, ironiza. E, neste aspecto, o especialista avalia que faltam
profissionais qualificados. “É preciso entender de tecnologia e política. Só
que geralmente quem entende de um não entende do outro”, compara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário