A hora da Previdência
Manoel Hygino
Depois de vencer a
guerra da segunda denúncia da Procuradoria–Geral da República contra o
presidente Temer e de se superar o episódio da doença na próstata,
concentram-se os esforços na aprovação de medidas de especial significado para
a economia. Entre elas, a reforma da Previdência, que avulta de interesse para
todos os brasileiros, por motivos óbvios.
Para a área
econômica, sem aprovação da PEC da Previdência, há longos meses em exame pelo
Legislativo, o Brasil, que já vive em extremas dificuldades, será o caos. Ou se
aprova a Emenda Constitucional nº 287, de 2016, ou a nação se afunda de vez.
Se há fumaça, há
fogo e o incêndio tem de ser debelado antes que as chamas consumam o que resta.
Para o ministro Henrique Meireles, que enfrenta respeitosa oposição, urge
resolver a questão antes que tarde.
No entanto, não é
esta exatamente a posição do senador Hélio José (PROS-DF), integrante da
Comissão Parlamentar de Inquérito da Previdência que investiga as contas da
Seguridade Social. Em relatório de 253 páginas, ele declara peremptoriamente: É
possível afirmar com convicção, que inexiste déficit da Previdência Social ou
da Seguridade Social”.
Ora, eis o momento
de se pôr os pingos nos ‘is’. Onde está a verdade? Quem tem razão e quais os
argumentos em favor a PEC que devem prevalecer? O parlamentar do Distrito
Federal é muito objetivo: “O grande argumento do governo em sua empreitada de
mudança da Previdência se fundamenta na existência de um déficit perene e
explosivo. Trata-se de uma afirmativa, que – apesar de repisada pelo governo –
não é respaldada por grande parte dos estudiosos”.
Segundo o
parlamentar, o orçamento da Previdência foi deturpado à época de FHC, que teria
ferido de morte a visão sistêmica e integrada da Seguridade Social, retirando a
possibilidade de “compensação financeira” entre os três pilares principais: a
Saúde, a Previdência e a Assistência Social.
A acusação: “Houve
efetiva desintegração das três áreas. Saúde, Previdência e Assistência Social
ganharam uma perversa autonomia tanto financeira quanto de gestão. Entendemos
perversa porquanto tal autonomia provocou desmantelamento das áreas, em
detrimento de uma ação coordenada e sistêmica”.
Mais grave: “O
chamado Orçamento da Seguridade Social, previsto na Carta Maior, passou a ser
apenas uma peça demonstrativa sem qualquer utilidade estratégica”.
No entanto, bem mais
incisivo e direto é o relatório. Afirma que a dívida ativa das empresas
brasileiras de grande porte e que deixaram de contribuir com a Previdência
Social é precisa. Elas continuam beneficiadas pelas políticas governamentais.
Cita a notória JBS, com uma dívida de R$ 2,4 bilhões com a Seguridade.
Conclui: “Está
faltando cobrar dos devedores e não querer prejudicar trabalhadores e
aposentados, mais uma vez”. Diante do relatório em questão e da versão do
Executivo, o que pensarão o cidadão e o contribuinte? Ou a CPI do Legislativo é
um papo furado e inválida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário