TCU estima que
BNDES teve prejuízo de R$ 304 milhões ao investir na JBS
Agência Brasil
Uma auditoria do
Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de irregularidades na
forma como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
comprou ações da JBS, em 2008.
Segundo os
auditores, a aquisição de ações do grupo empresarial dos irmãos Joesley e
Wesley Batista com ágio de até 20% pode ter causado um prejuízo inicial de R$
179,6 milhões aos cofres públicos – valor que, atualizado, chega a R$ 304
milhões.
“Após rever os diversos aspectos que cercam a
questão, concluiu-se pela existência de indícios suficientes, em força e
número, para que se converta a presente representação em tomada de contas
especial”, diz o relator do processo, ministro Augusto Sherman, em seu voto.
Segundo a auditoria,
os técnicos e a diretoria do BNDES analisaram e aprovaram o pedido de aporte
financeiro feito pela JBS em fevereiro de 2008 em tempo “consideravelmente
inferior” ao que o próprio banco considera ser o ideal” para apreciar uma
“operação de tal porte, complexa e de alto risco”. Entre a solicitação de apoio
e a aprovação do pleito passaram-se apenas 22 dias, prazo que, segundo dados do
site do próprio banco público, é inferior ao tempo médio, que é de 210 dias.
Para os auditores,
os técnicos e autoridades do BNDES analisaram o assunto sem a profundidade
necessária, recomendando que o banco fechasse o negócio com o grupo JBS em
tempo considerado insuficiente para a apreciação de uma operação complexa, que
envolvia um pedido inicial de US$ 1,5 bi. Segundo a JBS, o valor seria usado
para a compra de frigoríficos norte-americanos.
No acórdão do
processo, divulgado hoje (19), o TCU aponta 18 responsáveis pelos eventuais
prejuízos decorrentes da operação de financiamento. Entre os citados estão os
ex-presidentes do BNDES Luciano Coutinho e Guido Mantega (que também chefiou os
ministérios do Planejamento e da Fazenda); o empresário Joesley Batista; o
empresário Victor Garcia Sandri (apontado como amigo pessoal de Mantega),
diretores, superintendentes e gerentes do banco de fomento. A diretoria do
banco é acusada de ter sido negligente – e Coutinho, além disso, é suspeito de
associação ilícita com Joesley, Mantega e Sandri para obtenção/concessão de
vantagens indevidas pela JBS.
Os citados têm 90
dias para apresentar defesa e/ou recolherem aos cofres da BNDES Participações
R$ 190,73 milhões.

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