Após
referendo, Lombardia e Vêneto exigem mais autonomia
Agência Brasil
Ainda que não tenha
estabelecido um quórum, o governador lombardo, Roberto Maroni, tinha
reconhecido que se formaria se superasse os 34% registrados na reforma
constitucional de 2001
Duas das regiões
mais ricas da Itália, Vêneto e a Lombardia, optaram nesse domingo (22) por
reclamar mais autonomia ao Estado, depois de realizar referendos consultivos.
Os governadores anteciparam que, para isso, vão iniciar negociações com o
governo. A informação é da Agência EFE.
Em Vêneto, com 86,5%
dos votos apurados, 98,1% dos eleitores votaram a favor. No caso da Lombardia,
com 60% dos votos apurados, 95,64% votaram a favor e 3,61% contra, com 0,75% de
votos nulos.
Ainda que não tenha
estabelecido um quórum, o governador lombardo, Roberto Maroni, tinha
reconhecido que se formaria se superasse os 34% registrados na reforma
constitucional de 2001. No entanto seus oponentes políticos já falam de
fracasso ao não chegar aos 50%.
O presidente de
Vêneto, Luca Zaia, que como Maroni pertence à xenófoba Liga Norte (LN),
comemorou os resultados, considerando-os "um sucesso". Ele anunciou
que nesta segunda-feira convocará seu gabinete para preparar o projeto antes de
iniciar a negociação.
Zaia defendeu o
modelo de uma Itália que avance para o federalismo e assegurou que exigirão de
Roma 20 competências, bem como a retenção de 90% dos impostos.
O governador de
Vêneto reconheceu que os sistemas de contagem de votos foram objeto de um
ataque cibernético, o que explica o atraso na publicação dos resultados.
Maroni destacou o
"compromisso importante" adquirido com essa votação:
"Impulsionar o mandato histórico que milhões de lombardos me deram para
ter uma autonomia verdadeira. Ir a Roma e pedir mais competências e recursos
para a Lombardia", declarou.
O subsecretário do
Governo para Assuntos Regionais, Gianclaudio Bressa, afirmou que o governo de
Paolo Gentiloni "está preparado" para fazer tal negociação.
As duas regiões
convocaram o referendo consultivo e não vinculativo, apoiados pela maioria das
forças políticas regionais, para solicitar apoio e assim negociar com o governo
maior autonomia, fato contemplado pela Constituição. Querem ganhar competências
nas áreas de educação, meio ambiente, segurança e migração mas, sobretudo, de
natureza fiscal.
Essas duas regiões,
que somam 34% do Produto Interno Bruto (PIB) italiano, querem reduzir o déficit
fiscal, a diferença entre o que contribuem para o Estado e o que ele
"devolve". Estudos estimam esse montante em 54 bilhões de euros (US$
63,607 bilhões), no caso da Lombardia, e em cerca de 18 bilhões de euros (US$
21,202 bilhões), no de Vêneto.
O líder do partido
ultradireitista, Matteo Salvini, destacou que, entre as duas regiões,
"mais de 5 milhões de pessoas votaram pela mudança", destacando que
trabalhará para que esse tipo de referendo seja feito em novas regiões do país.
Durante a
comemoração da consulta e nos dias anteriores, os organizadores ressaltaram que
nada têm a ver com o referendo da comunidade autônoma espanhola da Catalunha.
No enunciado do
referendo na Lombardia, perguntou-se aos eleitores se desejam que o governo
regional peça "condições particulares de autonomia" ao Estado, mas
sempre "no quadro da unidade nacional".
"Não temos nada
a ver com a Catalunha. Queremos autonomia, mais poder, mais competências e um
federalismo fiscal, não a independência", disse após votar Zaia.
A consulta nessas
duas regiões da industrializada Itália setentrional gerou críticas por causa do
seu elevado custo e porque não era um requisito "sine qua non" para
iniciar uma negociação com o governo central.
Há suspeitas de que
as consultas também foram organizadas pensando nas eleições gerais e regionais
da Lombardia, que ocorrerão no próximo ano.

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