O medo do futuro
Manoel Hygino
Não se negam
lampejos na economia brasileira, com trovoadas não muito correspondidas por
belas pancadas de chuva. Na capital, uma pesada chuva, de curta duração, e
foi-se. O Brasil não quer tempestades. Mas o FMI aumentou a expectativa do PIB
para 2018, o que poderá nutrir a campanha política que já se aproxima.
Enquanto o cidadão
penará para pagar a conta de energia que o Correios trará, já é válido e alto o
reajuste de combustíveis e o novo preço do gás de cozinha. Neste interim, o
jornal que o leitor tem à mão noticiou a existência de muitas ambulâncias do
Samu abandonadas na Região Metropolitana. E o povão, aflito, pede assistência.
Não sofre solução de
continuidade, contudo, o ofício árduo dos bandidos atuantes em todo o país,
subtraindo ou deixando estragos em bens dos cidadãos que pagam tributos. Tem
também sequência a morte dos brasileiros (ou não) que ousam possuir alguma
propriedade, qualquer que seja, ou espairecer-se pelas ruas nas tardes cálidas.
Os criminosos sabem o que fazem, como aconteceu na pacata cidade de Capitão
Enéas, acordada pela madrugada com tiros por todos os lados. Virou rotina na
região. Em 29 de setembro, a PM mostrou as armas pesadas e explosivos, bem como
parte do dinheiro roubado do Banco do Brasil num matagal. Eram pistolas 9mm,
duas submetralhadoras, fuzil, pistolas. Essa gente anda prevenida. Os agentes
da alei têm de entrar em ação a qualquer hora e circunstâncias, precisando de
arsenal condizente para enfrentar a bandidagem.
Coisinhas
Observe-se:
levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro revela que
o roubo de cargas já causou prejuízo de mais de R$ 250 milhões nos últimos 6
meses em Minas Gerais. O Estado ocupa o terceiro lugar em ocorrências no
gênero, atrás de São Paulo e Rio. A pesquisa indica também que entre 57 países,
o Brasil é o oitavo com maior risco para roubo de carga, à frente de países em
guerra e conflitos civis, como Paquistão, Eritreia e Sudão do Sul. Ainda bem
que estamos em paz: Estamos? Quantos são mortos a tiros e facadas ou nas
rodovias? O mais grave é que temos um lampejo, somente um lampejo, em meio à
escuridão da noite no pântano. O homem deste país vê a televisão para saber as
notícias e, sem mais assombro sequer, ouve, o relato dos desatinos e tragédias
de todos os dias. Não há gente sensata e honrada que não perca o sono após
desligar o vídeo, já antecipando os efeitos ainda piores (?) do que terá à
frente.
O farto noticiário
sobre a programação artística dá ideia de que a maioria possa ir às casas de
espetáculos, contando com o salário diminuto, mas até isso é repetidamente
inviável. É inegável que nos tornamos pessimistas e descrentes. Evidentemente
me refiro aos que ganham ínfimas diárias, sem esquecer os milhões sem trabalho,
nem salário.
A criminalidade,
avassaladora, anda solta e invencível, porque está em todos os ambientes e
tempo. Dentro dessas perspectivas, caminhamos inexoravelmente a enfrentar a
ameaça de agravamento da situação neste acampamento em que nos transformamos,
assunto imenso e permanente para a imprensa, que não pode ser responsabilizada
pela situação de medo e vergonha de agora.
Como se pouco fora,
eis que surge inesperada portaria sobre fiscalização do trabalho escravo nestes
5 milhões e 500 quilômetros de extensão. O problema, como inúmeros outros, irá
para os gabinetes do Judiciário, se não revogados os novos dispositivos com
urgência.
Tem razão Galba
Velloso, ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho. “Os meios que o
presidente usa para se defender constituem novas irregularidades...”.

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