UFMG analisa
início de testes em primatas de vacina anticocaína
Da Redação
Caso os testes sejam
bem-sucedidos, a vacina estará disponível no mercado em, no máximo, cinco anos
Está em análise no
Conselho de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais o início dos testes
em primatas da vacina que pretende eliminar a dependência de cocaína. O grupo
avalia a toxicidade e a segurança da vacina, observando possíveis efeitos
colaterais da substância. Após os testes em macacos, que deve durar cerca de um
ano, é iniciado o protocolo de testes em humanos, última etapa para que a
vacina possa ser comercializada.
Os estudos já são
realizados há cerca de dois anos e meio por pesquisadores do Departamento de
Química, da Escola de Farmácia e da Faculdade de Medicina.
Na fase de testes
realizados com roedores, que já foram finalizados, os pesquisadores perceberam
que quantidades menores da droga chegaram ao cérebro dos animais vacinados. “A
indução de anticorpos provocada pela vacina reteve uma quantidade maior da
droga no sangue do roedor, não chegando ao cérebro do animal, que é o alvo
biológico da cocaína. Conseguimos diminuir os efeitos da droga no animal,
alterando o perfil farmacocinético da substância”, revela o professor Ângelo de
Fátima, do Departamento de Química.
Segundo o professor,
há, nos Estados Unidos, uma vacina anticocaína em desenvolvimento, porém a
substância em teste nos laboratórios da UFMG apresenta uma diferença estrutural
importante que facilita a sua produção. “As vacinas convencionais, como a
anticocaína dos Estados Unidos, originam-se de plataforma proteica, que pode
ser uma proteína de vírus ou de bactéria. A nossa vacina vale-se de uma
plataforma não proteica feita 100% em laboratório”, conta.
Ângelo de Fátima
explica que a plataforma não proteica torna a vacina mais estável, fácil
de ser manipulada e mais durável: “Como não usamos plataforma proteica, nossa
vacina pode ser manuseada à temperatura ambiente e não precisa de refrigeração
para a sua estocagem. Isso tudo torna a vacina mais barata e fácil de ser
produzida.”
A vacina poderá ter
efeito especialmente positivo para alguns grupos, como as mulheres grávidas que
nem sempre conseguem interromper o uso da droga durante a gestação. “Nelas, a
vacina funcionaria como um escudo, impedindo que a substância chegasse ao
feto”, explica o professor Ângelo de Fátima.
O professor
Frederico Garcia, da Faculdade de Medicina, destaca porém que a vacina
anticocaína não deve ser vista como solução única para o complexo problema das
drogas. “Em um campo em que ainda não existem medicamentos para tratar as
pessoas, ela aparece como recurso que poderá ser associado ao tratamento
psicológico e outras medidas”, diz Garcia.
Segundo Frederico
Garcia, caso os testes clínicos sejam bem-sucedidos, a vacina estará disponível
no mercado em, no máximo, cinco anos. Ela também pode servir de base para
estudos com outras substâncias. “O modelo dessa pesquisa não vale para o caso
do álcool, que é uma substância quimicamente muito simples, mas pode ser
aplicado a outras substâncias que causam dependência, como a heroína ou a
nicotina”, conclui.
* Fonte:
UFMG

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