Depois do petróleo
Manoel Hygino
Como será o Brasil
depois do petróleo? Porque, em verdade, chegará o dia em que ele será
dispensável. A época heroica do “petróleo é nosso”, que empolgou a juventude
brasileira há poucas décadas, já virou pretérito. Lembra-se do tempo de
Monteiro Lobato, buscando recursos para explorar o ouro negro fosse na Bahia ou
em São Paulo. Escreveu um livro que se tornou famoso e passou uma temporada
detrás das grades.
Chegará um tempo em
que ter petróleo não é o que hoje ainda representa. A população da Venezuela vive
em drama, mesmo com o potencial fantástico de petróleo de que dispõe. A Arábia
Saudita e a Rússia não são felizes porque o têm. O Reino Unido continua às
turras com a Argentina por se supor ali existirem reservas petrolíferas
fantásticas.
Mas o carro elétrico
para os táxis já está em teste em Belo Horizonte e, em vários países da Europa,
já constitui uma realidade. Enquanto eclodia o maior escândalo do Brasil nos
negócios públicos, envolvendo a Petrobras, cuidavam os países desenvolvidos de
produzir sucedâneos para os derivados de petróleo. Há um longo caminho ainda a
transpor, mas há perspectivas seguras de outras fontes energéticas disponíveis.
Há a teoria de que,
a partir de 2013, a capacidade produtiva de petróleo não mais conseguiria
acompanhar a demanda, pois – com a extração em declínio – se causariam sérios
transtornos à civilização. Esta perspectiva foi defendida por Kuell Alekle,
sueco, professor de física, astronomia e sistemas globais na Universidade de
Uppsala. Mas esse horizonte não foi considerado pelos países produtores e
consumidores, que não podiam – nem podem – parar.
Os presidentes
americanos George Bush e Barack Obama admitiram o momento em que a economia do
mundo teria de ajustar-se à escassez de energia extraída das entranhas da Terra.
O escritor Célio Pezza tratou do assunto e concluiu: “Nenhum governante quer
ser chamado de profeta da desgraça por divulgar situação tão grave, de forma
clara. Ela é uma sentença de morte para um estilo de vida comunista e
capitalista, totalmente dependente do petróleo”. Daí, iniciativas múltiplas
para dar solução ao problema, não tão distante quanto se imagina.
O Brasil está metido
no “imbróglio” e não tem como escapar. Tanto é verdade que energia amplia o
espectro de atenção das autoridades. A produção de hidráulica não estagnou os
estudos para a fonte eólica ou térmica. As frotas de veículos não deixam de
aumentar, seja de caminhões ou de automóveis.
E brasileiro não
abre mão de celular, praia, futebol e um carro.
Na Arábia já se
ensina aos mais jovens: “O meu pai andava de camelo, eu ando de carro. O meu
filho anda de avião, o filho dele andará de camelo”. É o que não se quer na
terra descoberta por Pedro Álvares, muito maior em extensão que a dos sauditas.
Quanto a escândalos,
chega o da Petrobras, que tanto arruinou o nosso prestígio em níveis interno e
internacional.

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