Sete
empreendimentos em Minas estão no pacotão de privatização de Temer
Tatiana Moraes
Entre as quatro
usinas da Cemig que o governo pretende leiloar, Jaguara foi a última a integrar
o PPI
Sete empreendimentos
localizados em Minas Gerais estão prestes a sair das mãos do governo para serem
completamente operados pela iniciativa privada. O pacotão anunciado pelo
governo Federal ontem coloca na berlinda as quatro usinas que tiram o sono da
Cemig (Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande), a Companhia de Armazéns e
Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg), a Central de Abastecimento de Minas
Gerais (Ceasa Minas) e os 49% que a Infraero detém no Aeroporto de Confins.
O plano faz parte da
segunda etapa do Programa de Parcerias de Investimento (PPI). A primeira etapa,
anunciada em setembro do ano passado, contou com 34 projetos. Na nova fase, a
intenção é arrecadar R$ 44 bilhões. No país, 57 bens públicos integram o plano.
As hidrelétricas de
Miranda, São Simão e Volta Grande já integravam o PPI. Ontem, Jaguara entrou no
bolo. Desde 2011, a estatal mineira e a União travam na Justiça uma verdadeira
batalha pelos ativos.
Na época, a estatal não teve a concessão dos ativos renovados porque não aderiu à Medida Provisória (MP) 579, convertida na Lei 12.783, editada pelo governo Dilma Rousseff. A MP previa a renovação antecipada da garantia de exploração das usinas, mediante redução da tarifa de energia para o consumidor.
Seis por meia dúzia
Na época, a estatal não teve a concessão dos ativos renovados porque não aderiu à Medida Provisória (MP) 579, convertida na Lei 12.783, editada pelo governo Dilma Rousseff. A MP previa a renovação antecipada da garantia de exploração das usinas, mediante redução da tarifa de energia para o consumidor.
Seis por meia dúzia
Na avaliação do
diretor presidente da América Energia, Andrew Frank Storfer, o princípio
jurídico que norteia o PPI é o mesmo do leilão, agendado para 27 de setembro. A
diferença é que, ao incluir as usinas no guarda-chuva do Programa de Parcerias
de Investimentos (PPI), é possível uma melhoria na imagem do processo. Ou seja,
em vez de “vender” as usinas, a União passa a imagem de que está “investindo”
em infraestrutura e energia.
“Na prática, é a
mesma coisa: a União retomou as hidrelétricas e vai vendê-las. Vai embolsar
mesmo. A única diferença é o simbolismo de não mais fazer um leilão, mas sim
incorporar os projetos em um programa de investimento. O governo tem o direito
de entregar as usinas para quem ele quiser. E a própria Cemig já jogou a toalha
e fez uma proposta de compra desses direitos”, explica Storfer.
Só com as usinas da
Cemig, o governo federal pretende arrecadar R$ 11 bilhões. A tarefa, no
entanto, é árdua. A companhia possui R$ 12,5 bilhões em dívidas até 2024 e apenas
R$ 2 bilhões disponíveis em caixa. A concessionária mineira tenta, com bancos
privados e públicos, o financiamento do montante. Investidores externos também
não são descartados.
Convulsão social
Entregar os bens nas
mãos do poder privado, na avaliação do deputado Federal Reginaldo Lopes (PT),
pode levar o país a uma convulsão social. “Nós voltamos à década 90, em que o
governo vendia o patrimônio do povo e o déficit fiscal só ampliava. Essa
política de não entender que investimento gera arrecadação vai produzir mais
déficit. Vender ativos estratégicos, como os de energia, é uma atitude
criminosa”, rechaçou.
Ele ressalta que o
dinheiro utilizado na construção das usinas já foi pago pela população na conta
de luz. A venda dos ativos, mesmo que seja para a própria Cemig, demandará novo
pagamento pela sociedade.
Caso a caso
Para o deputado
federal Caio Nárcio (PSDB), é necessário analisar caso a caso. “Sou contra a
venda dos ativos da Cemig, mas acho que privatizar a Casemg seria uma boa. É um
órgão falido. No caso da Ceasa, não vejo prejuízo na venda”, diz.
Por nota, a Cemig disse que “a inclusão de Jaguara no PPI não muda as negociações em andamento”.
Por nota, a Cemig disse que “a inclusão de Jaguara no PPI não muda as negociações em andamento”.
Ações da Infraero no
Aeroporto de Confins serão vendidas
No amplo pacote de privatização anunciado ontem pelo governo federal, está a intenção de vender a participação da Infraero nos aeroportos já concedidos à iniciativa privada, Guarulhos, em São Paulo, Confins, em Belo Horizonte, Brasília e no Rio de Janeiro.
Outros 14 terminais do país irão à leilão, incluindo Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil.
Em Confins, a
estatal detém 49% do controle acionário. Já a BH Airport, que administra o
terminal, controla os outros 51%. Procurada, a concessionária não comentou o
assunto.
Segundo o material
distribuído à imprensa, o governo entende que o objetivo da participação da
estatal Infraero nesses contratos de concessões “foi alcançado”. “Considera-se
que o objetivo central pretendido pelo governo federal com a participação da
Infraero nessas concessões, durante os últimos cinco anos, foi alcançado, que
foi o aprendizado com modelos privados de gestão aeroportuária”, cita o
documento.
O calendário do
governo prevê que o edital para a venda da participação da Infraero nos
terminais seja publicado no segundo trimestre de 2018 e que o leilão ocorra no
terceiro trimestre daquele ano.
Blocos
Os 14 aeroportos a
serem licitados foram divididos em quatro blocos. Um deles inclui apenas o
aeroporto de Congonhas, segundo maior do país com movimento de 21 milhões de
passageiros por ano. Um segundo lote abrange aeroportos do Nordeste (Maceió,
Aracaju, João Pessoa, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Recife). Outro bloco
será formado por terminais localizado no estado de Mato Grosso (Cuiabá, Sinop,
Ala Floresta, Barra do Garça e Rondonópolis). Um quarto bloco vai abranger os
aeroporto de Vitória e de Macaé.
Ceasa
Ceasa
O documento cita
ainda que o Ministério da Agricultura propôs a retomada do processo de venda da
Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg) e da
CeasaMinas. “Com a retomada, os estudos apontarão o melhor modelo de
desestatização para ambos os casos”, cita o documento. A Casemg não se
pronunciou até o fechamento desta edição. Já a assessoria de imprensa da
CeasaMinas não foi localizada pela reportagem.
Com agências
Com agências

Nenhum comentário:
Postar um comentário