Em um dia, três presidentes
Manoel Hygino
Os fatos são
vertiginosos. A imprensa escrita, isto é, os jornais, sai em desvantagem com os
meios de comunicação eletrônicos, cujos repórteres fazem o que podem para não
falharem e levarem furo. Brasília se tornou o centro dos acontecimentos
políticos mais do que nunca e para lá se volta a atenção do país. Não poderia
deixar de ser assim.
O presidente da
República, com cabelos mais brancos do que quando assumiu o governo, segura o
andor – de um lado e de outro – porque o santo é de barro. Como, aliás, a
própria chefia do Executivo nacional, com um ministério extremamente vulnerável
a delações, acusações, suspeições.
Durante dias, o
pêndulo que segura o tempo no Planalto pendia para um lado ou outro: sai Temer,
não sai Temer; assume Maia, não assume Maia; qual o parecer do relator sobre a
denúncia a ser investigada a pedido de Janot? Qual o escore? Difícil país, o
nosso, cuja governabilidade se põe em dúvida, a cada dia. Como será o Brasil
das próximas horas? O que nos está reservado?
O “Financial Times”
previa, no sexto mês deste ano, que – “após apresentar uma leve recuperação em
seus indicadores econômicos, indicando uma saída da maior crise da história do
país, o Brasil deve voltar à recessão”.
Lamentável
expectativa, quando não incômoda ou inquietante. “O Brasil é o problema (do
continente), diz Ed Jones, autor do referido estudo no “Financial”. “Até março,
o país se recuperava um pouco, mas nos últimos meses voltamos a vê-lo se
afundando novamente”. Para outro analista, o que acontece “está associado ao
aprofundamento da crise política”.
Que pode o cidadão
fazer diante da dúvida e do infortúnio? Não nos incluímos, por exemplo, entre
os países mais felizes do mundo, pois perdemos cinco posições. “Venturosos,
pela ordem, são Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça e Finlândia”.
A nação mais
poderosa do mundo – EUA – está em 14ª posição. Curiosamente, não há referência
à China, mas na América Latina o primeiro lugar em felicidade coube a Costa
Rica (11ª em todo o ranking natal), seguida por Chile (20º), Brasil (22º),
Argentina (24º) e México (25º). Paraguai ficou na lanterninha.
De todo modo, não
falta quem possa exercer a chefia do Executivo nacional. Em julho, sábado,
tivemos 3 presidentes da República, lembrando os três de novembro de 1955: Café
Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos. Em 2017, até o fim da manhã, Eunício Oliveira,
presidente do Senado, era também o da República, porque o titular – Temer –
estava na Alemanha, para a reunião do G20.
De volta da
Argentina, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, primeiro na linha
sucessória, regressou da Argentina, cerca de 11 horas. Temer, às duas da tarde,
volta da Europa e entra no espaço aéreo brasileiro, passando automaticamente ao
exercício do cargo.
O mais engraçado,
porém, me é enviado pelo acadêmico Danilo Gomes, que encontrou a frase não sei
onde: “O Brasil é feito por nós. Só falta agora, desatá-los”. A outra poderia
ser de Guimarães Rosa: “Junto dos bãos é que a gente fica mió”. É uma questão de
escolha e a hora é chegada. E tenho certeza de que o cidadão honesto deste país
que ficar quer ficar ao lado dos bons.
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