Viva os homens!
Simone
Demolinari
Muitos não sabem,
mas assim como as mulheres, os homens também tem um dia para chamar de seu.
Sim, no próximo sábado, é comemorado o dia do homem. Talvez pelo pouco tempo de
implantação e um fraco apelo comercial, esta data ainda é pouco conhecida e
comemorada.
A proposta teve
apoio da ONU e nasceu com o objetivo de lutar por duas grandes causas: reforçar
os cuidados com a saúde deles e melhorar a igualdade entre os gêneros. As
causas se justificam. É sabido que os homens vivem em média cinco anos a menos
que as mulheres. Uma vez que a fisiologia não explica essa diferença, fica
evidente um descuido com a saúde.
Pela dificuldade em
pedir ajuda ou falar abertamente sobre problemas, os homens procuram menos os
médicos. Alem disso, pesquisas mostraram que eles costumam escolher
profissionais do mesmo sexo para a consulta, o que dá a entender uma
dificuldade em mostrar fragilidade à mulher e isso pode explicar a segunda
bandeira que a data defende: a igualdade dos gêneros.
Parece estranho
homens lutando por “direitos iguais, já que geralmente essa luta parte das
mulheres. Mas tanto homens, quanto mulheres sofrem por desigualdade. Segundo a
cultura machista praticamente não é dada opção a eles de chorar, de falir, de
broxar, de beijar um amigo no rosto, de dividir a cama com um amigo, de ser
afetuoso, frágil, sentir medo. Coisas absolutamente comuns ao universo
feminino.
Outra questão
imposta para eles é a iniciação sexual. Num passado recente os pais levavam os
filhos à casas de prostituição para perderem a virgindade. Um rito de passagem
praticamente imposto, independente do menino se sentir confortável ou não.
Alias, isso é outra questão que muito oprime os homens: eles tem que estar
sempre prontos para o sexo, sob pena de serem chamados de gays. Toda essa
pressão talvez posa explicar o crescente número de homens com disfunção erétil.
A criação dos
meninos regida sob o mantra “seja homem” não deixa eles desenvolverem o lado
terno, sensível e doce. Mas isso não significa que essas emoções não existam, e
sim que elas são duramente repreendidas. Eles são criados para “suportar tudo”,
mas nem sempre suportam. Um estudo recente apontou que 78,1% dos suicídios são
cometidos por homens.
O padrão de
masculinidade ficou tão alto que muitos homens são tomados pelos sentimentos de
inferioridade e acabam seguindo por dois caminhos: uns aceitam que não conseguem
viver tantas imposições, abandonam o papel de “super homem” e assume suas
fragilidades.
Estes são
reconhecidos como “homem de alma feminina” e costumam ser ótimos filhos, pais e
pares afetivos; já os outros, impossibilitados de se despirem do padrão
programado, viram “machões”, sem a sensibilidade desenvolvida, tornam-se
narcisistas amando a si próprios. Na hora de escolher entre os dois caminhos, a
maioria opta pelo segundo, continuando preso ao condicionamento.
O machismo é muita
vezes visto como privilégio, mas sob a ótica emocional, mais oprime que dá
vantagens.
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