O futuro em jogo
Manoel Hygino
Os altos salários em
escalões superiores dos três poderes no país chamam a atenção do contribuinte,
alertado na imprensa pelo pouco que sobra para os funcionários de nível
inferior. Não só os salários, mas os privilégios que se acumulam na folha de
rendimentos mediante vantagens e benesses.
A desigualdade é
flagrante e grave, não podendo servir, contudo, de estímulo àqueles que só
pretendem as bondades da viúva, isto é, da nação, que já anda mal das pernas.
Basta conferir o furo já elevadíssimo no orçamento do presente exercício. Não
sem motivo, a União elevou os tributos sobre combustíveis e outros mais poderão
vir.
Estamos num beco com
pouca iluminação, enquanto todos procuram luz. Tempo para a violência, que
termina por ferir os bons e os maus, os certos e os errados. Nesta hora difícil
são indispensáveis bom senso, discernimento e espírito público sem os quais não
encontramos o melhor caminho. Quem acompanha os tempos de agora sabe que não há
exagero nestas considerações. Matamo-nos, uns aos outros, em todas as horas,
por motivos de somenos importância ou sem qualquer razão. As estatísticas não
mais surpreendem, porque assustam. Estamos em guerra, que abre vias ao hediondo
e ao horrendo, estampados interminavelmente pela mídia.
Marcelo Eduardo
Freitas, delegado da Polícia Federal e professor da Academia Nacional de
Polícia, citou números de arrepiar. Nos cinco anos da gestão anterior a Temer,
foram assassinados quase 300 mil brasileiros, metade deles jovens e pobres.
Outros 250 mil foram esmagados na impunidade do trânsito.
Mencionada
autoridade reitera o aconselhamento: “Uma sociedade se corrige com educação,
gênero do qual a instrução é espécie (educação religiosa, educação escolar,
educação familiar, etc.) e, precipuamente, com a eliminação da desigualdade
entre as pessoas. Não sem razão, assim, sociedades prósperas, quando desiguais,
também são extremamente violentas. O remédio, por conseguinte, não virá a curto
prazo. É preciso persistência”.
Percebe-se a
complexidade e gravidade do período em que há notória e compreensível
instabilidade na gestão dos negócios de Estado. Não é alentador o faz de conta
de que tudo vai bem, que ora enfrentamos.
Como me referi a uma
autoridade, concluo o raciocínio com ideias suas: “portanto, nos aprece que,
enquanto não corrigidos os rumos de nossa república, alternativa não nos resta
senão o encarceramento de criminosos contumazes, incluídos, por óbvio, aqueles
que desviam recursos públicos, lesam o erário, ocasionando, por consequência,
um estridente genocídio à brasileira, não perceptível aos olhos dos menos
atentos”.
Não sem razão, desta
maneira, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, afirmou em
recente entrevista: “Os assaltantes do erário são os meliantes mais
prejudiciais à ideia de vida civilizada. O dinheiro que desce pelo ralo da
corrupção – sistemicamente, enquadrilhadamente –, é o que falta para o Estado
desempenhar bem o seu papel no plano da infraestrutura econômica, social,
prestação de serviços públicos, educação de qualidade, saúde. O assaltante do
erário, no fundo, é um genocida. É o bandido número um”.
Mas há inúmeros
outros por todo o território. São mais de 8 milhões e 500 mil quilômetros
quadrados.
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