Mais de mil
bombeiros ainda trabalham para conter incêndio em Portugal
AFP
Bombeiro português
trabalha para conter chamas
Mais de mil
bombeiros prosseguiam nesta quarta-feira em uma luta sem trégua contra o
gigantesco incêndio que afeta a região central de Portugal desde sábado (17),
enquanto os funerais das primeiras vítimas provocavam grande comoção no país.
No início da manhã,
os aviões sobrevoavam Pedrógão Grande e liberavam água sobre as chamas que
devastam as colinas de pinheiros e eucaliptos, perto da pequena localidade de
Pincha, onde o incêndio permanece ativo.
"Quase 95% do
incêndio está sob controle", ou seja, contido mas não apagado, explicou à
imprensa o comandante regional da Proteção Civil, Vitor Vaz Pinto. "É
um grande avanço", disse, antes de afirmar que estava otimista para
quarta-feira.
A agência
meteorológica portuguesa anunciou condições mais favoráveis para o combate ao
fogo, com temperaturas que não devem superar 35 graus Celsius, oito a menos que
na terça-feira, e uma umidade relativa do ar maior que nos dias anteriores.
Quase 1.200
bombeiros, 400 veículos e 13 aviões estão mobilizados na região de Pedrógão
Grande para enfrentar as chamas.
Mártires
Na terça-feira, o
incêndio parecia estar sob controle quando ganhou força de repente, o que
obrigou as autoridades a esvaziar quase 40 aldeias ameaçadas pelas chamas.
As autoridades
locais estão preocupadas com a recusa de alguns habitantes de abandonar suas
residências. Este é o caso de vários moradores entrevistados pela
AFP. "Temos que proteger as casas. Vim ajudar meus amigos que moram
aqui", afirmou Sonia Pereira, de 29 anos.
Desde o início no
sábado, o incêndio provocou 64 mortes e deixou mais de 200 feridos, segundo um
balanço atualizado.
Os primeiros
funerais de vítimas aconteceram na terça-feira, perto de áreas onde as chamas
continuam provocando estragos. Uma multidão comovida se reuniu na aldeia de
Sarzedas de São Pedro para a despedida de seis pessoas que morreram nas
proximidades.
"Mártires",
afirma em sua manchete o jornal Correio da Manhã, ao lado de fotos de parentes
desesperados perto de fotos das vítimas, incluindo crianças.
As cerimônias
prosseguem nesta quarta-feira e o país respeitou um minuto de silêncio às
13h local (9h de Brasília), a pedido do presidente da Assembleia
Nacional, Eduardo Ferro Rodrigues, que pediu aos portugueses "coesão no
momento de grande dor".
Identificação
complicada
Os agentes
trabalhavam para tentar identificar os cadáveres, um processo muito difícil em
consequência do avançado estado de carbonização. Apenas metade das vítimas
foram identificadas até o momento.
A imprensa continua
tentando compreender as circunstâncias da tragédia na "estrada da
morte", a nacional 236, onde 47 pessoas morreram no sábado, bloqueadas
pelo fogo.
O primeiro-ministro
Antonio Costa exigiu "explicações rápidas" à polícia, acusada por
alguns sobreviventes de ter direcionado para esta estrada um grupo de pessoas
que tentava fugir das chamas. Costa afirmou, no entanto, que no momento
"não há provas de um erro dos agentes".
O tempo de reação
dos serviços de emergência a partir da informação do incêndio no sábado ainda
provoca debate. De acordo com o jornal Público, as unidades da Proteção
Civil demoraram quase duas horas para ajudar os bombeiros locais a partir do
momento do alerta.
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