Ex-funcionário do BNDES pode ter favorecido a JBS junto ao banco, diz
Fantástico
Da Redação
O ex-chefe do
Departamento de Mercado de Capitais do BNDES José Cláudio Rego Aranha pode
ter favorecido a JBS em negócios bilionários, informou o Fantástico, da
Rede Globo, neste domingo (21).
Dono de uma vinícola
na Paraíba do Sul, no interior do Rio de Janeiro, Aranha se aposentou no Banco
Nacional de Desenvolvimento em 2009. Ele era um dos responsáveis por emitir
pareceres que recomendavam ou não a liberação de recursos às empresas e a JBS
era uma dessas organizações.
De acordo com a
reportagem, Aranha, além de trabalhar no BNDES, tinha cadeira no Conselho de
Administração da JBS. Com a posição dupla, ele deu aval de grandes negócios
para os irmãos Batista, Joesley e Wesley.
“Depois que eu
entrei no conselho, eu fiquei 30 ou 40 dias e pedi demissão”, disse Aranha à
reportagem do Fantástico. No entanto, conforme apuração do programa global,
José Cláudio Aranha acumulou as duas funções por cerca de um ano.
Em 4 de março de
2008, conforme o Diário Oficial, ele deveria estar em uma missão internacional
na Alemanha pelo BNDES. Só que, no mesmo dia, o nome de José Cláudio aparece na
ata de uma reunião da JBS, em São Paulo.
Ao ser questionado
pela equipe de reportagem sobre o fato, Aranha não gostou e disse: “Está
achando documentos que até eu desconheço. Eu estava na Alemanha para projetos
específicos para o BNDES, que depois não foi implantado. O que você está
dizendo não é meu problema. Estou dizendo o que eu fiz”.
Bilhões
A matéria também
apurou que, entre 2007 e 2010, no governo Lula, o BNDES injetou mais de R$ 8
bilhões na JBS, com política de incentivos atualmente sob suspeita. A maior
parte do dinheiro público foi usada na expansão dos negócios da JBS no
exterior.
A primeira aquisição
foi da empresa americana Swift, por mais de R$ 1 bilhão. Em 2008, a JBS
tentou novas aquisições nos EUA com a compra da Smithfield Foods e National
Beef, com investimento de quase R$ 1 bilhão. Mais uma vez, o BNDES foi acionado
e a proposta aprovada em tempo recorde em 22 dias, com aval de José Cláudio e
outros funcionários do alto escalão do banco.
A reportagem também
mostrou que, segundo investigação da Polícia Federal, o tempo médio para
análise de um negócio como esse é muito maior, de sete meses. A compra da
National Beef acabou não ocorrendo. Só que boa parte do dinheiro, mais de R$
600 milhões continuou com a JBS e não foi devolvida ao BNDES.
Resposta
O banco disse em
nota ao Fantástico que, à época, as normas internas não restringiam a
participação de funcionários em conselhos de administração de empresas
privadas. A regra mudou no ano passado com a troca de comando da instituição
bancária.
Para juristas, a
prática feria a constituição. No começo de maio, José Cláudio e outros 34
servidores foram levados para depor na sede da Polícia Federal. As operações
bilionárias do BNDES em favor da JBS, assim como a participação de funcionários
do alto escalão do banco, estão sendo investigadas na operação Bullish.
Ao longo da
reportagem, o ex-funcionário do BNDES responde ao repórter que as afirmações
são incorretas. Questionado sobre as acusações, José Aranha diz: "Não tem
acusação nenhuma", e saiu do local da entrevista.

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