Desemprego
impulsiona saldo de 100 mil microempreendedores por ano em Minas
Ivana Andrade
PELA CIDADE –Dayana
Silva virou doceira e usa a bicicleta para vender as guloseimas que produz
Em um universo de
mais de 14 milhões de desempregados, o número de Microempreendedores
Individuais (MEIs) tem crescido significativamente. Em Minas, segundo
levantamento do Hoje em Dia no Portal do Empreendedor, o saldo entre adesões e
fechamentos chega a 100 mil por ano desde 2014, quando a crise econômica
começou a tirar vagas dos trabalhadores.
Entretanto, segundo
a analista da Unidade de Atendimento do Sebrae Minas, Viviane Soares, é preciso
cautela antes de investir no negócio próprio.
“Muitas vezes, a pessoa abre a empresa sem estar preparada e o empreendimento não vai adiante”, adverte.
“Muitas vezes, a pessoa abre a empresa sem estar preparada e o empreendimento não vai adiante”, adverte.
No Brasil, os
microempreendedores já são quase 7 milhões, com destaque para Minas, terceiro
estado com maior número de formalizações (774 mil), atrás de Rio (857 mil) e
São Paulo (1,8 milhão). Os números são cumulativos de 2009 até março de 2017,
segundo o Sebrae Minas.
De todos os registros no primeiro trimestre deste ano, 47% foram feitos por mulheres, grande parte por necessidade e outras pela vontade de abrir um negócio.
De todos os registros no primeiro trimestre deste ano, 47% foram feitos por mulheres, grande parte por necessidade e outras pela vontade de abrir um negócio.
Após trabalhar em
uma indústria de alimentos, a nutricionista Fernanda Veloso ficou desempregada.
Sem sucesso no mercado, fez um planejamento para se tornar microempreendedora.
Foi então que nasceu a Fina Salada Gourmet, especializada em alimentação
saudável, aberta em sociedade com a psicóloga Eliane Ferreira. “Com a ajuda do
Sebrae, pensei na criação da marca, embalagem e público-alvo”, afirma.
As saladas, montadas
em copos de acordo com o gosto do cliente, são refeições com um tipo de
proteína, carboidrato, vegetais e folhas. Os pedidos são feitos via delivery.
Os preços variam de R$ 9,50 a R$ 14,99.
Opção
Se para muitas a opção de se tornar MEI é uma urgência em meio à crise e ao desemprego, para outras é opção para mudar de ramo e investir no que gosta. Esse é o caso de Dayana Rezende Silva, que trabalhava como auxiliar administrativo e decidiu seguir a vocação de doceira, ofício que começou a aprender na adolescência.
Se para muitas a opção de se tornar MEI é uma urgência em meio à crise e ao desemprego, para outras é opção para mudar de ramo e investir no que gosta. Esse é o caso de Dayana Rezende Silva, que trabalhava como auxiliar administrativo e decidiu seguir a vocação de doceira, ofício que começou a aprender na adolescência.
Hoje aos 30 anos,
Dayana montou a confeitaria “Relíquias do Glacê”, que produz bolo, alfajor,
brownie, brigadeiro gourmet, bem-casado e macaron (iguaria francesa feita com
claras de ovos). Após se tornar MEI e fazer curso de confeiteira, ela foi
premiada com um estágio na área de pâtisserie do hotel Château de Divonne, na
cidade de Divonne-le-Bains, na França. “A receita do meu bolo, chamado
Fabuloso, obteve nota máxima. Inclusive ele é meu carro-chefe nas vendas”, diz.
Como microempreendedora, Dayana viu sua renda triplicar. Os doces são
comercializados por meio de encomendas ou via bike, que roda pela cidade.
A carreira de
Marília Santos Outuky também deu uma reviravolta após ela se tornar
microempreendedora individual. Apaixonada pela área de corretagem de seguros,
trocou o emprego com carteira em um escritório do ramo para investir no próprio
negócio no mesmo segmento, a Outuky Corretora.
A renda mensal de R$
1.500 no emprego anterior saltou para R$ 5 mil, em média. “Aconselho as pessoas
a fazerem o que gostam. Elas têm de arriscar, mas com determinação. Sem
sacrifício não há bons resultados”, diz.
SÓCIAS – Eliane Ferreira e Fernanda Veloso apostaram em saladas montadas
em copos de acordo com o gosto do freguês
Uma em cada quatro empresas fecha por falta de lucro
Apesar do processo
de formalização do MEI ser menos burocrático, também exige responsabilidades,
alerta a analista do Sebrae Minas, Viviane Soares. Prova disso é que um em cada
quatro brasileiros que encerraram as atividades como Microempreendedor Individual
(MEI) alega falta de retorno financeiro como o principal motivo para a decisão.
Segundo Viviane, o
número de MEIs vem crescendo ao longo dos últimos oito anos principalmente
porque a pessoa que é demitida e não consegue um novo emprego necessita de uma fonte
de renda para sobreviver, e passa a enxergar o MEI como alternativa.
No entanto, antes de
trilhar esse caminho, algumas dicas são primordiais, segundo Viviane. O
primeiro passo é planejar a estrutura do negócio.
“Muita gente diz que mesmo com a crise as pessoas não deixam de comer. Mas há quem está deixando de ir a restaurantes, por exemplo, por causa da recessão.
“Muita gente diz que mesmo com a crise as pessoas não deixam de comer. Mas há quem está deixando de ir a restaurantes, por exemplo, por causa da recessão.
Outras pensam
investir em salão de beleza, porém há tratamentos estéticos considerados
supérfluos que estão sendo deixados de lado no momento em função da crise
econômica. Então, tudo isso tem que ser levado em consideração na hora de
legalizar a empresa”, aconselha.
As atividades como
maior número de formalizações em Minas são as relacionadas ao comércio de
vestuário e acessórios (68,422 mil) e cuidados com a beleza, cabeleireiro e
manicure (66,214 mil), conforme levantamento do Portal do Empreendedor. Os
números são cumulativos de 2009 até março deste ano.
Criatividade
Para o professor da
área de Finanças do Ibmec Bruno Machado de Araújo, momentos de crise são ruins,
mas também podem favorecer ideias criativas. “Há pessoas que trabalham, ganham
bem e vivem na zona de conforto. Mas, nas adversidades, são empurradas para o
empreendedorismo, ou seja, acabam descobrindo as verdadeiras vocações”, diz.
Araújo lembra que
para ser MEI o faturamento não pode ultrapassar R$ 60 mil por ano. Também é
vedada a participação em outra empresa como sócio ou titular. Entre as
vantagens do sistema, ele cita a facilidade para abertura de conta bancária e
obtenção de empréstimos.
Além disso, essas
pessoas têm direitos a auxílios relacionados à maternidade, doenças e
aposentadoria. Outro benefício é o baixo custo para o processo de formalização.
O pagamento mensal fixo é de R$ 47,85 a R$ 52,85, em se tratando de comércio,
indústria e serviços, e de R$ 51,85, no caso de prestação de serviços.
Como forma de esclarecer os interessados a se tornarem MEIs, o Sebrae Minas fará um mutirão até o próximo sábado. Analistas darão orientações gratuitas em diversos pontos de atendimento em BH e no interior do Estado


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