Macron é alvo
de hackers na véspera do 2° turno da eleição presidencial francesa
AFP
François Hollande
garantiu que a ação de pirataria não ficará "sem resposta" e que
"procedimentos serão postos em vigor"
A autoridade
eleitoral francesa alertou neste sábado sobre a retransmissão dos milhares de
documentos da campanha do centrista Emmanuel Macron, hackeados e postados na
Internet, na véspera do segundo turno da eleição presidencial contra a líder da
extrema direita, Marine Le Pen.
Este mais recente
acontecimento, ocorrido nas últimas horas da campanha oficial entre os dois
turnos, foi considerado um ato de "desestabilização" pelo ex-ministro
da Economia. Já o presidente francês em final de mandato, François Hollande,
garantiu neste sábado que a ação de pirataria não ficará "sem
resposta" e que "procedimentos serão postos em vigor".
Os arquivos vazados,
que também incluem documentos de contabilidade, "foram obtidos há várias
semanas mediante pirataria informática de caixas de e-mails pessoais e
profissionais de vários encarregados do movimento", anunciou o grupo Em
Marcha! liderado por Macron, acrescentando que são documentos
"legais".
Contudo, segundo a
equipe de campanha, "quem está fazendo isso circular, agregou documentos
autênticos a muitos outros que são falsos, para semear dúvidas e
desinformação".
Segundo o WikiLeaks,
que divulgou a informação, trata-se de "dezenas de milhares de e-mails,
fotos e anexos datados até 24 de abril", um dia após o primeiro turno das
eleições presidenciais francesas, vencido por Macron, que enfrentará Marine Le
Pen.
O WikiLeaks afirma
não ser o autor da operação de hacking, que chama de "MacronLeaks".
Após investigar o
hacking praticado contra o Partido Democrata de Hillary Clinton, candidata
democrata à Presidência americana em 2016, os serviços de Inteligência dos
Estados Unidos acusaram a Rússia de interferências na campanha eleitoral
americana do ano passado a favor de Donald Trump, eleito em 8 de novembro.
Na manhã deste
sábado, a Comissão Nacional francesa de controle da campanha presidencial
recomendou os meios de comunicação a "ter responsabilidade e não
transmitir o conteúdo vazado, a fim de não alterar a integridade da
eleição".
"A difusão, ou
redifusão, de tais dados, obtidos de forma fraudulenta, e por meio dos quais
podemos, segundo toda probabilidade, ser levados a falsas informações, é
suscetível de penalidade", ressaltou em um comunicado.
Desde a publicação,
via Twitter, dos documentos hackeados, a extrema direita tem replicado os
dados.
"Os
#Macronleaks vão aprender coisas que o jornalismo investigativo deliberadamente
matou? Assustador este naufrágio democrático", declarou o braço direito de
Marine Le Pen, Florian Philippot.
O pesquisador belga
especialista em redes sociais Nicolas Vanderbiest estudou o modo como esses
documentos se propagaram on-line na sexta à noite e acusou um militante
americano ligado à extrema direita de estar em sua origem. Contas em francês
pró-Frente Nacional teriam reforçado a ação.
50.000 homens mobilizados
Em março, o Em
Marcha! foi alvo de tentativas de phishing, atribuídas a um grupo russo, de
acordo com a empresa japonesa de cibersegurança Trend Micro.
Esta pirataria pode
afetar o voto dos eleitores franceses? Nas últimas pesquisas divulgadas na
sexta-feira, antes do encerramento da campanha oficial, Emmanuel Macron ainda
estava bem à frente, com entre 61,5 e 63% dos votos, contra 37%-38,5% para
Marine Le Pen.
A participação
potencial permanecia relativamente baixa: apenas 68% dos entrevistados disseram
estar determinados a votar.
Antes das revelações
sobre a pirataria em massa, a tensão já havia aumentado com o anúncio da prisão
de um ex-militar convertido ao Islã, na madrugada de sexta-feira, perto de uma
base aérea militar em Evreux, cem quilômetros ao noroeste de Paris.
Sob vigilância desde
2014 em razão de sua radicalização, o homem jurou fidelidade ao grupo
extremista Estado Islâmico (EI), de acordo com um vídeo encontrado em um
pendrive que estava em seu veículo, onde também havia bandeiras do EI. Uma espingarda
também foi descoberta em um bosque nas proximidades.
Os investigadores
tentam determinar se o suspeito estava prestes a cometer uma ação violenta.
Em 20 de abril, três
dias antes do primeiro turno da eleição presidencial, um policial foi morto na famosa
avenida Champs-Elysées, em Paris. O ataque foi reivindicado pelo EI,
responsável pela maioria dos ataques que deixaram 239 vítimas no país desde
janeiro de 2015.
Os dois
candidatos vão votar no norte da França: Macron, no balneário de Touquet, e Le Pen,
em seu reduto operário de Hénin-Beaumont.
As medidas de
segurança serão reforçadas, e mais de 50.000 policiais, gendarmes e militares
estarão mobilizados.
Na sexta-feira à
noite, durante um comício em apoio a Emmanuel Macron, uma deputada socialista de
50 anos, Corinne Erhel, morreu depois de passar mal.
"Recebi com um
imensa tristeza a notícia do falecimento de Corinne Erhel, após um mal-estar em
pleno comício eleitoral em Plouisy, quando discursava para 300 militantes para
defender os valores da República", anunciou o presidente da Assembleia
Nacional, Claude Bartolone, em um comunicado.

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