Brasil lança satélite que permitirá acesso à banda larga em áreas
remotas
Satélite de
controle brasileiro será usado para oferta de internet banda larga e pelo
Ministério da Defesa; investimento foi de R$ 2,78 bilhões.
Por
Laís Lis e Gustavo Aguiar, G1, Brasília
O governo brasileiro lançou, por volta das 18h50
desta quinta-feira (4), o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
Estratégicas (SGDC). Ele será usado para as comunicações, principalmente para
oferta de banda larga em áreas remotas, e será integralmente controlado pelo
Brasil.
O lançamento ocorreu na base de Kourou, na Guiana
Francesa. O satélite foi enviado dentro do foguete Ariane 5, que também lançou
ao espaço o KOREASAT-7, da operadora sul-coreana Ktsat.
Com esse novo projeto, o Brasil deixará de alugar
satélites de empresas privadas. O lançamento estava inicialmente previsto para
o dia 21 de março, mas foi adiado por causa da greve geral na Guiana Francesa.
Após o lançamento, o presidente Michel Temer, que
acompanhou o evento, afirmou que o SGDC ajudará o país a
"democratizar" o sistema digital.
“Vamos democratizar o fenômeno digital do Brasil,
já que a banda larga vai atingir todos os recantos do nosso país.
Democratizando o sistema digital no nosso país. É um grande momento para o
nosso governo”, afirmou o presidente.
Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, o SGDC terá uso civil e militar e exigiu R$ 2,784
bilhões em investimentos. A vida útil do satélite é de 18 anos.
Além de ampliar a capacidade de telecomunicações e
a cobertura de serviços de internet banda larga no Brasil, com foco em áreas de
difícil acesso, ele fornecerá um meio seguro para transferência de informações
civis e militares que envolvam a segurança nacional.
Atualmente o governo aluga o sinal de satélites
privados. O projeto do SGDC é resultado de uma parceria entre a Telebras e o
Ministério da Defesa.
O uso militar do satélite na chamada banda X
começará na metade do mês de junho, mas o uso para oferta de banda larga só
deve começar a partir de setembro.
O ministro das Comunicações, Gilberto Kassab,
afirmou que apesar da crise financeira, o presidente Temer decidiu manter os
investimentos no satélite.
“Poderíamos ter prorrogado esse programa, mas o
presidente definiu que apesar da magnitude do investimento, era um investimento
que não poderia ser prorrogado. [...] O Brasil entra definitivamente na era
digital", disse.
Kassab afirmou ainda que o presidente Michel Temer
determinou que o Brasil mantenha os estudos para ampliar sua frota de satélite.
“Agora estamos conquistando tecnologia. Dezenas de
profissionais passaram meses na Franca se capacitando para que o Brasil, em
algumas décadas, alcance soberania tecnológica”, disse.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que
além da independência da soberania, por ser o primeiro satélite totalmente operado
por brasileiros, o satélite vai acabar com o apartheid digital.
Transferência de
tecnologia
O satélite foi comprado da França, mas o acordo
envolveu a transferência de tecnologia, com o envio de 50 profissionais
brasileiros para as instalações onde foi construído.
Serão esses os profissionais responsáveis por
operar o equipamento. Toda a operação será feita a partir do 6º Comando Aéreo
Regional (VI Comar) da Aeronáutica, em Brasília, e da Estação de Rádio da
Marinha, no Rio de Janeiro.
A empresas responsável pelo projeto é a Visiona,
uma joint-venture entre Embraer e Telebras criada para estimular o setor
espacial do país.
'Estacionado'
O satélite geoestacionário gira na mesma velocidade
da Terra e fica "estacionado" sobre um mesmo ponto do planeta.
Pesando 5,8 toneladas e com 5 metros de altura, ele vai ficar posicionado a 36
mil quilômetros da Terra e cobrirá todo o território brasileiro, além do oceano
Atlântico. A previsão de vida útil do satélite é de 18 anos.
A construção do satélite foi feita em Cannes e
Toulouse, na França, pela empresa aeroespacial Thales Alenia Space, e durou 2
anos. O projeto foi supervisionado pela Visiona Tecnologia Espacial, parceria
entre Embraer e Telebras.
De acordo com o Ministério da Defesa, o processo
envolveu transferência de tecnologia e intercâmbios entre profissionais
brasileiros dessas empresas e da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Alcântara
Segundo informações das Forças Armadas, a escolha
da Guiana Francesa para o lançamento deve-se a sua posição geográfica., por
estar mais próximo da linha do Equador.
O Brasil tem a base de Alcântara, que fica em uma
posição ainda mais vantajosa, mas a base não tem capacidade para lançamentos de
foguetes do tamanho do que foi usado para o lançamento do satélite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário