Após anos de
promessas, revitalização do Velho Chico caminha a passos lentos
Filipe Motta
A cada dia mais
degradada, a bacia do Rio São Francisco sofre com a falta de recursos da União
para ser revitalizada. O governo federal afirma que de 2007 a 2016 foram
investidos R$ 1,3 bilhão em ações de recuperação, o que faz parecer pouco
provável que se concretize a promessa do presidente Michel Temer (PMDB) de
injetar mais R$ 7 bilhões até 2026.
O Comitê da Bacia
Hidrográfica estima que seriam necessários R$ 10 bilhões para revitalização
ambiental da extensa área nos próximos 10 anos. O órgão ainda questiona o fato
de a União incluir na conta ações como a recuperação de estradas e projetos
culturais realizados na área da bacia.
Reconhecendo o
momento de crise econômica, o presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, avalia
que o montante de R$ 1,3 bilhão seria o adequado para um ano de ações. E, ainda
assim, diz, numa perspectiva bem conservadora de investimento.
Para 2017,
parlamentares colocaram R$ 300 milhões na Lei Orçamentária Anual para a
revitalização da bacia, mas os recursos podem virar pó com as tesouras de
contingenciamento do ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
Diante do impasse, parlamentares têm se reunido para buscar estratégias de pressão para que o governo Temer implemente, de fato, ações na bacia, que representa 70 % da disponibilidade hídrica do Nordeste.
Diante do impasse, parlamentares têm se reunido para buscar estratégias de pressão para que o governo Temer implemente, de fato, ações na bacia, que representa 70 % da disponibilidade hídrica do Nordeste.
Num encontro na
última quarta-feira, reunindo cerca de 40 parlamentares daquela região e de
Minas, o senador baiano Otto Alencar (PSD) se prontificou a não votar nenhum
projeto de interesse do governo enquanto ações de revitalização não forem
iniciadas de forma convincente.
No ano passado, o
governo lançou mais um programa de revitalização da bacia, o Novo Chico, que é
tocado pela Casa Civil. Outros projetos de revitalização, que não renderam
frutos, foram lançados por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2001, e Lula
(PT), em 2004.
“É importante que os
parlamentares de Minas se unam em torno da proposta de revitalização e que a
própria população cobre o governo sobre a questão. É preciso dizer que não
queremos só caminhão-pipa, mas sim uma resposta adequada para a situação do
rio”, afirma a deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), que tem participado das
articulações.
“Vamos exigir ação
por parte do governo, não vamos pedir. Senão o rio vai secar na Bahia nos
próximos anos e a vazão em Minas diminuirá ainda mais”, diz o vice-presidente
da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG).
O senador Otto
Alencar é mais contundente. “O atual e os ex-presidentes ficam comemorando
obras da Transposição e brigando para saber quem é o pai da criança, mas é uma
criança que está perdendo sangue. É como se fosse uma pessoa com anemia indo
embora”, diz, defendendo que o governo decrete estado de emergência e use
recursos dos fundos setoriais do Ministério de Meio ambiente para obras
emergenciais de contenção de assoreamento e recuperação da vegetação de
nascentes e matas ciliares.
Raquel Muniz e parlamentares mineiros se encontraram com Temer para
cobrar ações
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