Barreiras
impostas à carne ameaçam exportações de US$ 208,8 milhões em Minas
Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
A atuação ilegal de
frigoríficos e funcionários do Ministério da Agricultura, que se tornaram alvo
de investigações da Polícia Federal por meio da Operação Carne Fraca, coloca em
xeque a economia mineira. Cerca de US$ 208,8 milhões podem deixar de entrar no
Estado todos os anos, o equivalente a 29% das vendas de carne de Minas para o
exterior .
O montante, segundo
informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), representa os embarques de carnes de Minas para três dos quatro países
(China, Egito e Chile) que suspenderam ou colocaram fortes entraves à compra do
produto brasileiro, além da União Europeia.
A Coreia do Sul, que
seria o quarto país, importa o alimento do Paraná e do Rio Grande do Sul. Os
principais destinos de embarque de carne mineira são China, Arábia Saudita,
Hong Kong, Emirados Árabes e Rússia. O Chile é o principal cliente da América
Latina. Os três países que anunciaram embargo à carne brasileira, juntamente
com a União Europeia, responderam por 34,24% das exportações nacionais de carne
bovina e 20,16% das de frango em 2016.
Mercado doméstico
O mercado interno também apresenta fortes restrições ao consumo. Em São Paulo, chegou a ser proibida a compra de carne bovina, frango e salsicha para utilização na merenda escolar, medida que logo foi cancelada. No fim da tarde de ontem, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, suspendeu o embarque de produtos dos 21 frigoríficos suspeitos de envolvimento nas fraudes, que permitiam chegar ao consumidor produtos vencidos e adulterados. Para o consumo doméstico, no entanto, não há restrições.
Queda no Preço
Além de impactar a exportação, a queda no consumo interno, que representa 80% da produção, pode derrubar o preço da carne, conforme alerta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões. “Se o produto não vende, o preço cai e o produtor tem prejuízo. É lamentável que isso tenha acontecido e que tenha sido conduzido de forma alarmista. Nós mesmos nos expusemos mundialmente”, lamenta.
Além de impactar a exportação, a queda no consumo interno, que representa 80% da produção, pode derrubar o preço da carne, conforme alerta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões. “Se o produto não vende, o preço cai e o produtor tem prejuízo. É lamentável que isso tenha acontecido e que tenha sido conduzido de forma alarmista. Nós mesmos nos expusemos mundialmente”, lamenta.
Para o presidente da
Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal
(Afrig), Sílvio Silveira, a redução da confiança do comprador estrangeiro é
incalculável. “O comércio de carnes parou. As adulterações abalaram o
agronegócio mineiro. Para vender, os produtores se esforçam muito, ficam mais
de um ano negociando. Mas para parar de vender, basta um dia”, afirmou.
O superintende de
Abastecimento de Economia Agrícola, João Ricardo Albanez, ressalta que a carne
brasileira vinha em uma valorização. Nos dois primeiros meses de 2017, houve
alta de 27,5% no valor exportado em Minas, quando comparado a igual período
anterior. “No primeiro bimestre do ano, o Estado conseguiu embarcar US$ 153,8
milhões. Em contrapartida, o volume cresceu 9%, o que comprova o crescimento no
preço médio da tonelada”, observa.
Ele lembra que em
2016 o Brasil conseguiu abrir as fronteiras para os Estados Unidos, uma espécie
de vitrine para o restante do mundo. “Ainda não dá para dimensionar o impacto.
A conquista do mercado internacional foi trabalhada. Demorou anos para ser
efetivada”, diz.
Albanez alerta que o
fato é grave e que deve ser tratado de maneira rápida para que não afete ainda
mais o setor. “Não podemos prejudicar ainda mais um setor que ficou
fragilizado. É uma unidade que tem uma forte geração de emprego e renda para o
país. Somos referência no mundo”, comenta.
O presidente da Faemg aguarda que a imagem do país seja restabelecida por meio de conversas e ações do governo federal com os países que perderam a confiança no Brasil. “Ao produtor, só resta aguardar. Ele está de mãos atadas”, pondera.
O presidente da Faemg aguarda que a imagem do país seja restabelecida por meio de conversas e ações do governo federal com os países que perderam a confiança no Brasil. “Ao produtor, só resta aguardar. Ele está de mãos atadas”, pondera.


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