Mundo sofre 'pior crise
humanitária' das últimas décadas alerta ONU
AFP
Somália
As Nações Unidas alertaram que o mundo sofre hoje com a pior crise
humanitária desde o final da Segunda Guerra Mundial, com o risco de que 20
milhões de habitantes de quatro países padeçam de desnutrição e fome.
Iêmen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria, afetados por conflitos armados,
foram citados pelo subsecretário-geral e chefe das operações humanitárias da
ONU, Stephen O’Brien, ante o Conselho de Segurança após uma visita a esses
países.
O'Brien fez na sexta-feira um chamado urgente à mobilização, pedindo 4,4
bilhões de dólares à comunidade internacional até julho para "evitar uma
catástrofe".
"As Nações Unidas lançam um alerta, o mundo enfrenta sua pior crise
humanitária desde o final da Segunda Guerra Mundial, com mais de 20 milhões de
pessoas que enfrentam a fome e a inanição em quatro países", declarou.
"Do contrário, muita gente vai morrer de fome, perder seus meios de
subsistência, e as conquistas políticas dos últimos anos serão
revertidas", acrescentou.
Segundo O’Brien, "sem esforços coletivos e coordenados globalmente,
as pessoas simplesmente morrerão de fome. Muitos mais sofrerão e morrerão de
doenças", disse.
Atualmente, o Iêmen é cenário da "pior crise humanitária no
mundo". Dois terços dos seus 18,8 milhões de habitantes precisam de
assistência e mais de sete milhões "não sabem de onde virá seu próximo
alimento", indicou o O'Brien, lembrando os deslocamentos maciços da
população devido aos combates entre forças do governo e rebeldes xiitas huthis.
O conflito já deixou mais de 7.400 mortos e 40.000 feridos desde março de
2015, segundo a ONU.
No Sudão do Sul, O'Brien encontrou "a situação pior do que
nunca" devido à guerra civil que atinge o país desde dezembro de 2013, e
responsabilizou as partes beligerantes pela fome no país.
Mais de 7,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária neste país,
que tem 3,4 milhões de deslocados.
Na Somália, mais da metade dos seus 6,2 milhões de habitantes requerem
assistência e proteção, incluindo 2,9 milhões de ameaçados pela fome.
Cerca de um milhão de crianças menores de cinco anos sofrerão
desnutrição grave neste ano, acrescentou O'Brien.
A Somália vive há três décadas uma situação de caos e violência, causada
por milícias de clãs, grupos criminosos e a insurreição de islamistas do grupo
Al-Shabaab.
O nordeste da Nigéria, foco de uma insurreição dos extremistas do Boko
Haram desde 2009, é golpeado pelo aquecimento global e pela má governança.
Mais de 10 milhões de pessoas requerem ajuda humanitária, das quais 7,1
milhões enfrentam uma "grave precariedade alimentar", apontou O'Brien.

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