Pesquisa
mostra que cidade atingida pelo desastre de Mariana sofre com problemas de
saúde
Da Redação Jornal
Hoje em Dia
O Instituto Saúde e
Sustentabilidade, em conjunto com o Greenpeace, publicou nesta quarta-feira
(29) uma pesquisa de avaliação de riscos em saúde da população de Barra Longa,
na região Central de Minas. Localizada a 60 km de Mariana, a cidade foi afetada
pelo rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015.
O maior desastre
minerário ambiental do país destruiu plantações e afetou também a área central
de Barra Longa. Os moradores do município ficaram expostos a uma série de
riscos decorrentes da degradação do meio ambiente por um longo período desde o
desastre.
Segundo o Instituto,
o derramamento dos rejeitos causou o revolvimento e aumento da
biodisponibilidade de uma série de componentes tóxicos em vários componentes
naturais, como água, solo e fauna, em níveis superiores aos preconizados para
segurança segundo as leis brasileiras. A bacia aérea da cidade também se tornou
tóxica devido ao pó proveniente da lama seca, exacerbada pelas obras de
reconstrução da cidade.
Diante disso, o
estudo demonstrou que 37% dos participantes estão com a saúde pior do que antes
do rompimento da barragem. Dentre os problemas de saúde relatados
espontaneamente, 40% são respiratórios (para as crianças de 0 a 13 anos, o
índice alcançou 60%); 15,8% são afecções de pele; 11% transtornos mentais e
comportamentais; 6,8% doenças infecciosas; 6,3% Doenças de olho; e 3,1%
problemas gástricos e intestinais.
Perguntados sobre
sintomas físicos, 77,9% afirmaram que os apresentavam. Dor de cabeça, tosse e
dor nas pernas ocorrem em 24 a 30% das pessoas Seguidos a esses, ansiedade
(20,9%), coceira (20,5%); alergia de pele (18,1%), abatimento (17,9%), febre
(15,4%), alergia respiratória (15,4%), rinite (14,6%), cãibras (13,6%), falta
de ar, falta de apetite, diarreia e emagrecimento. Deste conjunto, 72,3% dos
sintomas se iniciaram após o desastre com pico entre 2 a 6 meses.
Em relação aos
sintomas emocionais, 83,4% disseram que apresentaram algum problema. A insônia
é o mais frequente (36,9%, inclusive presente em 19% das crianças entre 6 a 13
anos.); seguido por preocupação ou tensão (21,7%); assustar-se com facilidade;
alteração do humor, entre outros.
Posicionamento
Procurada pela
reportagem, a Fundação Renova explicou que até o momento, sua prioridade foi
disponibilizar profissionais da área de saúde, fortalecendo a equipe local de
Barra Longa. "A Renova disponibilizou 27 profissionais, dentre eles 9
clínicos gerais, 1 psiquiatra e 2 psicólogos, que atendem sem agendamento, além
de manter uma ambulância de suporte básico para emergências, com uma equipe de
10 socorristas", afirma em nota.
A fundação também
diz que prepara um amplo estudo epidemiológico e toxicológico, com foco em toda
a área impactada, que analisará indicadores de saúde no horizonte de 10 anos
antes e, no mínimo, 10 anos depois do rompimento da Barragem de Fundão. Neste
contexto, a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade apresenta-se como
uma importante base de dados e de avaliação a ser considerada.
Sobre a qualidade do
ar, ela informa que desde fevereiro de 2016, a cidade conta com uma estação de
monitoramento automático da qualidade do ar instalada no centro da cidade.
"Os resultados mostram que a qualidade do ar na cidade está dentro dos
parâmetros exigidos pela legislação brasileira".
Já em relação ao
manejo de rejeitos a Fundação Renova diz que foram retirados 157 mil metros
cúbicos de rejeitos depositados na área urbana do município, volume
transportado e disposto no aterro de Barra Longa
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