Autoridades
norte-americanas prendem imigrantes sem documentos em seis estados
Agência Brasil
As autoridades de imigração norte-americanas prenderam centenas de
imigrantes sem documentos em pelo menos seis estados ao longo desta semana em
uma ofensiva que aparentemente marca o início da aplicação em grande escala da
ordem executiva do presidente Donald Trump, assinada em 26 de janeiro,
destinada a deportar cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais, inclusive 3
milhões, supostamente com antecedentes criminais.
Em janeiro, seis dias após tomar posse, Donald Trump assinou uma ordem
executiva que ampliou as categorias de imigrantes sem documentos a serem
incluídos na listas para deportação, cumprindo assim sua promessa de campanha
para combater a imigração. Centenas de prisões foram confirmadas pelas
autoridade de imigração de vários estados, mas a Casa Branca ainda não divulgou
oficialmente o início da vigência da ordem executiva para deportações em massa.
Uma ordem executiva é uma norma que coloca em prática as políticas do
governo a serem executadas pelas agências e departamentos oficiais. O ato se
resume a uma ação de governo e não tem o poder de reverter uma lei aprovada
pelo Congresso. Desde que tomou posse, Trump assinou 12 ordens executivas.
A ordem executiva de 26 de janeiro é ampla e não se resume a medidas
para deportar imigrantes. Ela também prevê a contratação de mais de 10 mil
agentes de imigração para fiscalizar as fronteiras e o interior do país, além
de uma fiscalização das chamadas "cidades santuárias", ou seja, dos
municípios que se recusaram a transferir imigrantes sem documentos para o
âmbito das autoridades federais.
Invasão
Funcionários da imigração confirmaram que agentes federais invadiram
esta semana casas e locais de trabalho em Atlanta, Chicago, Nova York, Los
Angeles e também em algumas cidades da Carolina do Norte e da Carolina do Sul,
em busca de imigrantes sem documentos. No entanto, Gillian Christensen,
porta-voz do Departamento de Segurança Interna, o órgão norte-americano que
supervisiona os setores de imigração e de alfândega, não quis usar a palavra
"invasão" para se referir às operações realizadas e falou em
"ações direcionadas de rotina".
Gillian disse que a ofensiva, que começou na segunda-feira (6) e
terminou sexta-feira (10), prendeu imigrantes sem documentos provenientes de 12
países latino-americanos. "Estamos falando de pessoas que são ameaças à
segurança pública ou uma ameaça à integridade do sistema de imigração",
disse. Segundo ela, a maioria dos presos eram criminosos sérios, incluindo
alguns que haviam sido condenados por assassinato e violência doméstica .
Ativistas que combatem a repressão a imigrantes porém afirmam que as
prisões não se resumiram a criminosos. Disseram também que a ação das
autoridades envolveu uma área bem maior do que a admitida, uma vez que cidades
dos estados da Flórida, Kansas, Texas e Virgíniaque também registraram prisões.
"Esta é claramente a primeira onda de ataques [a imigrantes] sob o
governo Trump, e sabemos que não vai ser a única", disse Cristina Jimenez,
diretora-executiva da United We Dream, uma organização de jovens imigrantes, em
entrevista à imprensa.
Agentes de imigração em Los Angeles, no estado da Califórnia, detiveram
dezenas de pessoas em casa ou a caminho do trabalho. Em uma teleconferência
nesta sexta-feira (10), o diretor de imigração para a área de Los Angeles,
David Marin, disse que 160 pessoas foram presas. Segundo ele, desse total, 75%
tinham condenação por crime. Os demais realizaram pequenos delitos ou estavam
ilegalmente nos Estados Unidos. Entre as pessoas presas em Los Angeles, 37
foram deportadas para o México.
Emissoras de rádio em língua espanhola e a afiliada local da NPR (uma
rádio pública dos Estados Unidos) vêm divulgando, em Los Angeles, anúncios
sobre os direitos dos imigrantes. As emissoras estão convidando os imigrantes a
participar de seminários para tomarem consciência das medidas que podem tomar
na Justiça caso estejam sob ameaça de prisão ou deportação.
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