domingo, 11 de dezembro de 2016

POLÍTICOS BRASILEIROS ENROLADOS COM CAIXA 2 - DINHEIRO NÃO DECLARADO



Delator da Odebrecht cita Temer, Renan e mais 21 políticos

Da Redação (*) 






O presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht em 2014, segundo o site BuzzFeed e a revista Veja. A informação, conforme os veículos, integra a delação do executivo Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht e um dos 77 delatores da empreiteira na Operação Lava Jato.

O jornal O Estado de S. Paulo confirmou que Temer teve dois encontros com Marcelo Odebrecht naquele ano, quando concorreu à reeleição na chapa encabeçada por Dilma Rousseff. Uma das reuniões foi um jantar entre o então vice-presidente, Marcelo Odebrecht e o hoje ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha no Palácio do Jaburu.

Em outro encontro, em São Paulo, Temer estava acompanhado de seu colega de partido Henrique Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo na sua gestão. Ambos, segundo a delação, pediram dinheiro a executivos da empreiteira, em troca de uma obra.

A Veja informou nesta sexta-feira, 9, que teve acesso à íntegra dos anexos da delação de Melo Filho, que trabalhou por 12 anos como diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.

Conforme o endereço eletrônico da revista, em 82 páginas, o executivo contou na delação que a maior empreiteira do País pagou propinas milionárias a integrantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo.

Auxiliares

Segundo o delator, os R$ 10 milhões foram pagos em espécie a Padilha, um dos principais auxiliares do presidente. O dinheiro também teria sido repassado ao assessor especial do peemedebista, José Yunes, seu amigo há 50 anos.

O Estado também confirmou esta informação com uma fonte envolvida nas investigações da Lava Jato.  De acordo com a revista, deputados, senadores, ministros, ex-ministros e assessores da ex-presidente Dilma Rousseff também receberam propina. A distribuição de dinheiro ilícito teria alcançado integrantes de quase todos os partidos com representação no Congresso.

O delator, conforme a Veja, apresentou e-mail, planilhas e extratos telefônicos para provar suas afirmações.  De acordo com a revista, uma das mensagens mostra Marcelo Odebrecht, o dono da empresa, combinando o pagamentos a políticos importantes, identificados por valores e apelidos como "Justiça", "Boca Mole", "Caju", "Índio", "Caranguejo" e "Botafogo".

As revelações de Mello Filho, na avaliação de investigadores da Lava Jato, têm um peso especial porque durante muitos anos ele atuou como o "braço" da Odebrecht no Congresso e nos bastidores do Executivo federal. Ele era o contato da empreiteira com deputados e senadores. Em pelo menos um anexo ele cita os nomes de senadores peemedebistas a quem teria distribuído R$ 1 milhão. Em troca, esses políticos teriam agido em defesa dos interesses da Odebrecht no Congresso por meio da aprovação de projetos de lei.

Palácio repudia acusação contra Temer feita por delator da Odebrecht

O Palácio Planalto repudiou, em nota, as acusações de que o presidente Michel Temer teria solicitado valores ilícitos da empreiteira Odebrecht em meio à campanha à Presidência em 2014.

Em nota, o Planalto diz que todas as doações da construtora foram legais. "O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho.  As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE [Tribinal Superior Eleitoral]. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", diz a nota.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e  Eunício Oliveira (PMDB-CE) também estão entre os citados na delação de Melo Filho.

Padilha

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, negou que tenha recebido recursos ilícitos da Odebrecht. "Não fui candidato em 2014. Nunca tratei de arrecadação para deputados ou para quem quer que seja. A acusação é uma mentira. Tenho certeza que, no final, isto estará comprovado", diz Padilha em nota.

O senador Romero Jucá também divulgou nota sobre a delação do executivo da Odebrecht. Jucá diz que desconhece a delação de Melo Filho e nega que recebeu recursos para o PMDB. O senador também esclarece que "todos os recursos da empresa ao partido foram legais e que ele, na condição de líder do governo, sempre tratou com várias empresas, mas em relação à articulação de projetos que tramitavam no Senado". O senador diz que está à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos.

A assessoria de imprensa do senador Eunício Oliveira informou que o senador nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos ou apresentação de emendas legislativas. "A contribuição da Odebrecht, como as demais, foram recebidas e contabilizadas de acordo com a lei e as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral".
(*) Com agências

Nome de Temer é citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht

Folhapress 






"O atual presidente da República utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais", afirmou o delator

O nome do presidente Michel Temer aparece 43 vezes no documento do acordo de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é mencionado 45 vezes, e Moreira Franco, secretário de Parceria e Investimentos do governo Temer, 35. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, que pediu demissão recentemente, surge em 67 trechos.
O líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), apontado como o "homem de frente" das negociações da empreiteira no Congresso, tem 103 menções no relato, um arquivo preliminar do que o ex-executivo vai dizer às autoridades da Lava Jato.
De acordo com Melo Filho, o presidente Temer atua de forma "indireta" na arrecadação financeira do PMDB, mas teve papel "relevante" em 2014, quando, segundo ele, pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht para a campanha eleitoral durante jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014.
Pagamentos
Segundo o delator, Temer incumbiu Padilha de operacionalizar pagamentos de campanha. O ministro, diz o ex-executivo, cuidou da distribuição de R$ 4 milhões daqueles R$ 10 milhões: "Foi ele o representante escolhido por Michel Temer - fato que demonstrava a confiança entre os dois-, que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por Michel Temer. Este fato deixa claro seu peso político, principalmente quando observado pela
ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões".
"Chegamos no Palácio do Jaburu e fomos recebidos por Eliseu Padilha. Como Michel Temer ainda não tinha chegado, ficamos conversando amenidades em uma sala à direita de quem entra na residência pela entrada principal. Acredito que esta sala é uma biblioteca", disse o delator, que conta detalhes do jantar.
"Após a chegada de Michel Temer, sentamos na varanda em cadeiras de couro preto, com estrutura de alumínio. No jantar, acredito que considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o Vice-Presidente da República como presidente do referido partido político, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10 milhões", diz.
"Claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião. Inclusive, houve troca de e-mails nos quais Marcelo se referiu à ajuda definida no jantar, fazendo referência a Temer como 'MT'", ressalta o ex-executivo da Odebrecht. Um dos endereços de entrega foi o escritório de advocacia de José Yunes, atual assessor especial da Presidência da República.
Prepostos
Segundo o delator, "o atual presidente da República também utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso dos pagamentos que participei, operacionalizado via Eliseu Padilha". O delator disse que foi apresentado a Temer por Geddel em agosto de 2005 na festa de aniversário de seu pai.
Ao se referir ao ministro Padilha, ele afirma que o hoje ministro "atua como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome", disse Melo Filho. "Eliseu Padilha concentra as arrecadações financeiras desse núcleo político do PMDB para posteriores repasses internos", afirmou.
A relação entre os quatro caciques peemedebistas é muito forte, segundo o delator, "o que confere peso aos pedidos formulados por eles (ministros), pois se sabe que o pleito solicitado em contrapartida (pela empresa) será atendido também por Michel Temer".
"Geddel Vieira Lima também possui influência dentro do grupo, interagindo com agentes privados para atender seus pleitos em troca de pagamentos", disse o delator.
Melo Filho afirmou que defendia "vigorosamente" as solicitações de pagamento feitas por Geddel junto à Odebrecht "como retribuição" pelo fato de o ex-ministro lhe aproximar das outras lideranças.
Sobre Jucá, ele declarou que um "exemplo" da força dele é "encontrado no fato de que o gabinete do Senador sempre foi concorrido e frequentado por agentes privados interessados na sua atuação estratégica". Todos os citados têm negado qualquer irregularidade na relação com a Odebrecht.


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