Além da traição
Simone Demolinari
A traição numa relação amorosa vai muito além da presença de uma
terceira pessoa. Um relacionamento é um acordo de confiança, respeito e ajuda
mútua. Tudo que viole este contrato pode constituir infidelidade. Como por
exemplo:
- Promessa quebrada: o casal combina algo, porém só um lado cumpre, o
outro trai o acordo. Combinado a dois, “descombinado” a um.
- Ausência de reciprocidade: parceiro que ajuda o outro na dificuldade,
porém não tem a mesma resposta quando está na condição desfavorável.
- Intimidade revelada: segredos e intimidades vivenciadas a dois que são
deliberadamente compartilhadas.
- Aliança oculta: ocorre quando um dos parceiros se une a outras pessoas
(parentes e amigos) para falar mal, criticar e tramar contra o outro.
- Indiferença e frieza: quando o parceiro não vivencia a emoção do outro
e nem se esforça para tal. Há um descaso pela vida do parceiro.
- Traição virtual: quando há uma relação íntima com alguém – troca de
confidência, intimidade, fotos e mensagens de cunho erótico.
- Ataque ao ponto fraco: ocorre quando um faz uso da fraqueza do outro
para feri-lo. É como matar alguém com a própria arma dele. O parceiro
confidencia a posse de uma arma, revela onde ela está escondida e a senha do
cofre. O confidente vai lá, abre o cofre, pega a arma e atira contra ele. Tudo
que você disse foi usado contra você.
- Traição sexual – aqui temos dois tipos de pessoas: os frequentes e os
casuais. Os frequentes são aqueles que não conseguem se relacionar sem trair.
Não freiam seu desejo, traem sempre que sentem vontade. Estes, são indivíduos
sem freio moral. Mesmo comprometidos vivem seduzindo e cavando novas
oportunidades de conquista. Traem o parceiro sem remorso nem culpa e ainda se
gabam da sua competência. Usam desse expediente como fonte de prazer e
artifício para manter a relação principal. Já os casuais são aqueles que, em
situações específicas, sentem-se motivados para trair, mas, por terem um freio
moral mais acentuado, sentem-se culpados, com receio de magoar o outro, e
tentam ao máximo conter seus desejos.
- Traição fatal: acontece quando um dos dois traz para o parceiro uma
doença sexualmente transmissível.
Frente a diversas formas de traição vem à tona a questão: É possível
perdoar?
Isso vai depender de cada um. Mas acredito que o perdão torna-se mais
fácil quando há um arrependimento por parte de quem violou o contrato. E até
nessa hora é preciso estar atento, pois há pessoas que só se arrependem por
interesse– um arrependimento burocrático. Não querem perder as regalias do
casamento e por isso juram nunca mais errar e prometem mudança. Mas como não
estão verdadeiramente arrependidos, em pouco tempo voltam a cometer os mesmos
erros. Mas há os que de fato se arrependem – os genuinamente arrependidos.
Estes sentem-se culpados, percebem o erro que cometeram, o mal que causaram ao
companheiro, e mudam.
A diferença entre um e outro, não está na prédica, mas sim na prática.
Só o tempo dirá.
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