Tudo ou nada
Opinião Jornal Hoje
em Dia
Antônio Álvares da Silva*
A PEC 241, se for efetivamente aprovada, é a mais ousada e corajosa medida que se tomou na história jurídica, social e econômica do Brasil. Está certo o governo que, sentindo-se encurralado, partiu para a luta em vez de se recolher medroso diante dos grandes problemas que nos afligem.
O Estado brasileiro já está doente há muito tempo. Incapacidades
sucessivas, soluções parciais, remédios insuficientes, gastos descontrolados
tornaram-no um monstro combalido, que seguiu trôpego através da História. Nunca
foi capaz de caminhar junto com a sociedade, administrando com eficiência os
problemas sociais. Ficou sempre atrás na retaguarda, enquanto os fatos, como se
sempre, tomaram a dianteira.
É preciso que todos tenham consciência do momento em que vivemos. Dias
piores virão com toda força. Os problemas, que já se delinearam no horizonte,
se tornarão monstros reais em pouco tempo e ainda não sabemos como dominá-los.
O leitor acompanha naturalmente o noticiário da imprensa e vive em sua
própria pele os males da doença. A Universidade vai parar. A sociedade ficará
sem a pesquisa científica. O progresso se estancará. Não haverá verba para o
custeio de benefícios e serviços. Que faremos com os necessitados? A prestação
do serviço público, que já é ruim, cairá para nível pior ainda.
O fato é que, com a contenção dos gastos, surgirá uma grande barreira à
nossa frente. Então, chegaremos ao ponto máximo deste grande drama: ou
suportaremos a carência geral de tudo e recomeçaremos praticamente do nada ou
então uma crise sem limites varrerá o país, cujas consequências imprevisíveis
desconhecemos. Se países menores como a Grécia e a Venezuela já causam tantos
problemas entre as nações, imagine-se a força destrutiva de um país como o
nosso.
Louve-se a coragem do presidente Temer e sua equipe. A hora da luta
chegou. Não poderíamos continuar como sempre fomos, pondo panos quentes numa
ferida que precisa de um tratamento definitivo. É hora da responsabilidade
geral. Ou tudo ou nada. Resta saber para qual destas alternativas futuro nos levará.
(*) Professor
titular da Faculdade de Direito da UFMG
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