Caso Cunha caminha para
desfecho após 355 dias
Folhapress
Os pouco mais de 19 meses de ascensão e queda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
abrigaram acontecimentos marcantes nos salões, gabinetes e plenários da Câmara.
Prestes a completar 58 anos de idade -- seu aniversário é no dia 29 --, o deputado do PMDB foi eleito para comandar a Casa após derrotar em primeiro turno o candidato oficial do governo de Dilma Rousseff, em fevereiro de 2015, e desde então se transformou em um dos protagonistas da cena política nacional.
Político de bastidores e com péssima fama nos corredores do Congresso, Cunha ancorou sua eleição na insatisfação parlamentar contra Dilma, de um lado, e na rede de cerca de cem deputados que receberam recursos para suas campanhas por intermédio do peemedebista -- ele admite ter acionado empresários para ajudar apenas os candidatos do PMDB.
Sua gestão pode ser dividida em capítulos, a maioria deles polêmicos e conturbados.
Desde o início o presidente da Câmara jogou por terra a promessa de não ser fonte de instabilidade política e partiu para o confronto com os adversários.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), o ministro da articulação política de Dilma, Pepe Vargas (PT-RS), e o ministro Cid Gomes (Educação) foram os primeiros a perder os cargos.
A força de Cunha era tal na época que ele anunciou em primeira mão a demissão de Cid -- confirmada por Dilma no mesmo dia -- após o ministro lançar contra ele suspeita de achaque. Aloizio Mercadante (Casa Civil), outro desafeto, tomou um "gelo" que o inviabilizou no cargo.
Em um segundo movimento, o peemedebista patrocinou um ritmo intenso de votações no plenário da Casa, batendo o recorde de aprovação de projetos que não tinham participação do Planalto. Contribuiu a combinação de um governo enfraquecido com a cobrança da presença dos deputados.
Foram aplicadas diversas derrotas a Dilma, seja no campo econômico, com temas que elevaram os gastos federais, seja no comportamental, em que passaram projetos que contrariam a esquerda, como a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em alguns casos.
'LAVA JATO'
Coube a uma ação vinda de fora do Legislativo ou do Executivo impulsionar ainda mais a escalada de ineditismos da gestão de Cunha.
Incluído na lista de investigados por suspeita de participação no petrolão, o peemedebista foi à CPI que investigou o caso em março de 2015. Acabou ovacionado por quase todos os colegas.
Nessa sessão, Cunha declararia não ter "qualquer tipo de conta" no exterior, o que depois da revelação de dinheiro seu na Suíça virou a base de seu processo de cassação, iniciado por representação de PSOL e Rede em 13 de outubro de 2015.
Nos 355 dias que separam essa representação da sessão em que Cunha pode ser cassado, nesta segunda-feira (12), ele e aliados patrocinaram manobras para tentar enterrar o caso. Entre outras ações, o relator foi trocado e a primeira votação, anulada.
Uma fracassada tentativa de acordão com o governo Dilma o levou a deflagrar a tramitação do processo de impeachment da petista no início de dezembro de 2015.
Cunha trabalhou metodicamente na condução política e regimental desse processo, que culminou com a aprovação da autorização para a abertura do processo de destituição, em abril deste ano.
Mais uma vez de forma inédita, o STF decidiu dias depois, em 5 de maio, afastá-lo do cargo e do mandato sob o argumento de que ele usava suas funções para atrapalhar as investigações contra ele.
Réu em duas ações penais no STF e alvo de outras investigações na Corte, sob a acusação de ser um dos protagonistas do petrolão, Cunha tentará nesta segunda um feito inédito: à beira de uma eleição em que os deputados estão mergulhados, ser o primeiro político a não perder o mandato desde que as votações de cassação deixaram de ser secretas, em 2013.
Prestes a completar 58 anos de idade -- seu aniversário é no dia 29 --, o deputado do PMDB foi eleito para comandar a Casa após derrotar em primeiro turno o candidato oficial do governo de Dilma Rousseff, em fevereiro de 2015, e desde então se transformou em um dos protagonistas da cena política nacional.
Político de bastidores e com péssima fama nos corredores do Congresso, Cunha ancorou sua eleição na insatisfação parlamentar contra Dilma, de um lado, e na rede de cerca de cem deputados que receberam recursos para suas campanhas por intermédio do peemedebista -- ele admite ter acionado empresários para ajudar apenas os candidatos do PMDB.
Sua gestão pode ser dividida em capítulos, a maioria deles polêmicos e conturbados.
Desde o início o presidente da Câmara jogou por terra a promessa de não ser fonte de instabilidade política e partiu para o confronto com os adversários.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), o ministro da articulação política de Dilma, Pepe Vargas (PT-RS), e o ministro Cid Gomes (Educação) foram os primeiros a perder os cargos.
A força de Cunha era tal na época que ele anunciou em primeira mão a demissão de Cid -- confirmada por Dilma no mesmo dia -- após o ministro lançar contra ele suspeita de achaque. Aloizio Mercadante (Casa Civil), outro desafeto, tomou um "gelo" que o inviabilizou no cargo.
Em um segundo movimento, o peemedebista patrocinou um ritmo intenso de votações no plenário da Casa, batendo o recorde de aprovação de projetos que não tinham participação do Planalto. Contribuiu a combinação de um governo enfraquecido com a cobrança da presença dos deputados.
Foram aplicadas diversas derrotas a Dilma, seja no campo econômico, com temas que elevaram os gastos federais, seja no comportamental, em que passaram projetos que contrariam a esquerda, como a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em alguns casos.
'LAVA JATO'
Coube a uma ação vinda de fora do Legislativo ou do Executivo impulsionar ainda mais a escalada de ineditismos da gestão de Cunha.
Incluído na lista de investigados por suspeita de participação no petrolão, o peemedebista foi à CPI que investigou o caso em março de 2015. Acabou ovacionado por quase todos os colegas.
Nessa sessão, Cunha declararia não ter "qualquer tipo de conta" no exterior, o que depois da revelação de dinheiro seu na Suíça virou a base de seu processo de cassação, iniciado por representação de PSOL e Rede em 13 de outubro de 2015.
Nos 355 dias que separam essa representação da sessão em que Cunha pode ser cassado, nesta segunda-feira (12), ele e aliados patrocinaram manobras para tentar enterrar o caso. Entre outras ações, o relator foi trocado e a primeira votação, anulada.
Uma fracassada tentativa de acordão com o governo Dilma o levou a deflagrar a tramitação do processo de impeachment da petista no início de dezembro de 2015.
Cunha trabalhou metodicamente na condução política e regimental desse processo, que culminou com a aprovação da autorização para a abertura do processo de destituição, em abril deste ano.
Mais uma vez de forma inédita, o STF decidiu dias depois, em 5 de maio, afastá-lo do cargo e do mandato sob o argumento de que ele usava suas funções para atrapalhar as investigações contra ele.
Réu em duas ações penais no STF e alvo de outras investigações na Corte, sob a acusação de ser um dos protagonistas do petrolão, Cunha tentará nesta segunda um feito inédito: à beira de uma eleição em que os deputados estão mergulhados, ser o primeiro político a não perder o mandato desde que as votações de cassação deixaram de ser secretas, em 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário