quinta-feira, 1 de setembro de 2016

NOVO PRESIDENTE - VELHOS PROBLEMAS



No desenho de uma nova página na história do Brasil, Temer tem o desafio de tirar o país da recessão

Amália Goulart 





MICHEL – Ao tomar posse na Câmara dos Deputados, ele foi saudado pelos parlamentares, que fizeram fila para os cumprimentos

Conhecido no meio político como “esfinge” do PMDB, tido por muitos como “apaziguador” e por outros como “usurpador”, Michel Temer, de 75 anos, é o novo presidente do Brasil e terá como desafio tirar o país da segunda mais profunda recessão da história.

Para reverter a queda do Produto Interno Bruto, de 4,6% no primeiro semestre, e um desemprego que atinge 11,8 milhões de pessoas, Temer encaminhará ao Congresso, ainda neste ano, a reforma da Previdência e o que chamou de “adequação das relações entre empregadores e trabalhadores”. Pretende ainda aprovar o teto que limita os gastos públicos ao percentual inflacionário. O objetivo, segundo ele, é deixar o governo “sob aplausos” dentro de dois anos e quatro meses. “Não será fácil”, disse.

Temer assistiu à sessão do julgamento do impeachment pela televisão, no Palácio do Jaburu, ao lado da hoje primeira dama, Marcela Temer, e de ministros. No momento em que foi aberta a votação, ele encaminhou-se a uma sala reservada, com a esposa. Não gostou do resultado final. Queria que Dilma Rousseff (PT) perdesse os direitos políticos, o que não ocorreu.

“É inadmissível. Se é governo, tem que ser governo”, afirmou após a posse, ao realizar a primeira reunião ministerial. O recado foi para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que avalizou acordo para permitir o salvo conduto político a Dilma. Cassada, ela não perdeu os direitos políticos. A sessão histórica que derrubou a petista foi concretizada em dois atos. No primeiro, 61 dos 81 senadores decidiram pelo impedimento. Não houve abstenção. Já no derradeiro, 46 parlamentares decidiram dar a Dilma o direito de habilitar-se futuramente a um cargo público.

Temer prometeu uma relação diferente com o Congresso. Na primeira reunião com os ministros, determinou que todos negociem com deputados e senadores projetos da gestão peemedebista. Ele não quer ter o mesmo fim que a antecessora.

‘Golpista é quem derruba a Constituição’, diz presidente, que não levará ‘ofensa para casa’

O primeiro discurso foi altivo, duro. Michel Temer bateu o punho na mesa, em reunião com ministros, e disse que não levaria “ofensas para casa”.

Pediu a todos os integrantes do governo que rebatam as acusações dos opositores. “Golpista é quem derruba a Constituição”, disparou. O novo presidente determinou a todos que não deixem sequer um questionamento sem resposta.

Mas também afirmou que não teria caça às bruxas. O peemedebista estava referindo-se aos discursos de petistas, aliados da ex-presidente Dilma Rousseff e da própria petista, que prometeu uma ferrenha oposição.

Ainda ontem, Michel Temer viajou para a China para a reunião do G-20. Oportunidade em que, segundo ele, tentará desfazer o discurso petista de que houve um golpe. “A partir de hoje divulguem que nós estamos viajando exata e precisamente para revelar aos olhos do mundo que temos estabilidade política e segurança jurídica”.

Diplomacia
Segundo Temer, o principal objetivo da viagem é atrair recursos para o Brasil. “Vamos fazer várias viagens ao exterior com esse objetivo”, disse. Ele destacou as agendas bilaterais previstas e disse ainda que, durante o encontro do G-20, fará quatro discursos, inclusive no almoço com os líderes.

Para o dia 3 de setembro, por exemplo, já estão previstos encontros bilaterais com os primeiros ministros da Espanha e Itália, com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Há também a previsão de uma conversa com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo.


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