O ‘start’ da reforma do ensino médio
Editorial Jornal
Hoje em Dia
Após um trágico desempenho dos alunos brasileiros no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica de 2015 no 3º ano do ensino médio, o governo
federal lançou ontem a Medida Provisória (MP) que reforma o estudo nesses anos
nas escolas de todo o país a partir de 2018. Para a maioria dos brasileiros, o
novo formato é novidade, apesar de propostas de mudanças já estejam tramitando
há anos no Congresso. A MP pelo menos acelera o processo de implantação. Às
vezes, se não for assim, os projetos ficam em discussão eternamente sem nenhum
resultado prático.
Mas enviar ao Congresso uma proposta pronta por meio de medida
provisória é assumir o risco de prejuízos incalculáveis para milhões de
estudantes. À primeira vista, e segundo especialistas ouvidos pela reportagem
publicada nesta edição, a proposta apresenta o caminho, mas não leva em
consideração a adaptação que as escolas terão que sofrer para aplicar o novo
modelo.
Como exemplo disso, analisamos as duas principais alterações: o aumento
da carga horária e a possibilidade do estudante escolher algums disciplinas que
vai cursar. As duas medidas juntas vão promover uma reformulação grande no
quadro de professores das escolas públicas e privadas. Além de mais
profissionais, as instituições terão que ter mais especialistas em determinadas
áreas.
Outro fato é que, com os alunos permanecendo mais nos colégios, o
custeio dos imóveis – contas de água, luz, telefone, limpeza – será maior. No
caso das escolas particulares, esse custo, naturalmente, vai para as
mensalidades, que já estão em níveis impagáveis.
A opção de várias famílias para fugir do alto custo poderá, e deverá,
ser pela escola pública. Porém, sem tratar da qualidade do ensino, as
instituições públicas, hoje, teriam condições de absorver essa demanda? Não
sofrerão elas também o mesmo problema de aumentos custos? Os governos teriam
verbas para bancar esse reforço necessário na estrutura das escolas com o novo
modelo?
Esse parece o caso de uma medida necessária, mas que ainda precisa de
maior amadurecimento para ser implementada. Esperamos que essa pressa do
governo force o debate e que, até 2018, todos os entraves sejam solucionados
para que não façamos uma geração inteira de cobaias.
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