Medidas têm que vir do
governo
Editorial Jornal
Hoje em Dia
O país está, em termos econômicos, paralisado. Estamos no círculo
vicioso formado por governo, empresários e consumidores, em que ninguém tem a
confiança para investir em algo que possa lhe trazer prejuízos financeiros em
um futuro próximo.
Um dos índices que mostra a estagnação é o volume de crédito concedido
pelos bancos às empresas e ao cidadão comum. E esses números mostram queda em
todos os cenários no mês de julho, tanto em comparação com o mês anterior
quanto no mesmo período do ano passado. Ou seja, há um ano, quando a crise
chegou pra valer, ainda havia mais pessoas otimistas com o futuro do que agora.
Algum personagem dessa roda precisa quebrar a cadeia e arriscar em uma
tentativa para melhorar a situação. Não podemos cobrar isso do consumidor,
parte mais fraca da relação. Ele sofre com o desemprego e com uma inflação que,
se hoje está desacelerando, já corroeu os rendimentos do trabalhador comum
suficientemente neste ano.
Os empresários, que usam o crédito para capital de giro, é poderiam até
arriscar, mas estão sem fôlego com o longo período em situação crítica da
economia. Uma medida perigosa em um cenário ainda sem definição pode ser a pá
de cal em vários negócios, detonando mais postos de trabalho.
O responsável por esse passo deve ser, portanto, o governo. Mas cabe a
pergunta: que governo? Estamos no ápice de um processo político de afastamento,
ou não, da presidente, com uma gestão interina e com uma equipe econômica que
até anunciou medidas para recuperar a economia, mas ainda não conseguiu
emplacar nenhuma de forma significativa.
Não dá para buscar recursos para investir se não temos nem ideia do que
será o cenário no ano que vem. Esse governo vai ficar? As reformas virão? Por
onde começará a retomada?
Seja qual for o comandante da nação até o fim dessa semana, é preciso
atitudes mais fortes. Mas não somente para onerar mais o cidadão. Como estamos
falando de crédito, quem sabe uma redução nas taxas inexplicavelmente altas dos
juros no país, começando pelos bancos públicos, incentivando pessoas a
retomarem os investimentos. Seria um bom começo para reconquistar a confiança
na economia. Com taxas astronômicas e sem rumo certo, não dá para esperar outra
atitude do brasileiro do que sentar e aguardar.
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