É chegada a hora
Opinião Jornal Hoje em
Dia
Aristoteles Atheniense*
Paira natural e compreensível expectativa quanto ao comportamento de Dilma Rousseff no Senado Federal, no próximo dia 29, quando buscará obter 28 votos favoráveis à sua manutenção no poder.
A esta altura, há quem sustente que a presença de Dilma visará somente
impedir que sua biografia seja maculada pelas denúncias de infrações que ela
não teria cometido.
A finalidade de sua ida à Câmara Alta não seria de livrar-se das perdas
dos direitos políticos até 2026, sabido que nunca teve vocação para o exercício
das funções públicas obtidas mediante sufrágio popular. Nem mesmo o PT admite
que haja interesse de sua parte em levar adiante uma trajetória política, de
vez que a sua origem partidária foi o PDT.
Um de seus mais entusiastas defensores, o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), questionado por um jornalista em relação ao retorno das massas aos
movimentos populares, foi incisivo: “Não estamos mais conseguindo mobilizar
ninguém”.
Tudo faz crer que se Dilma estivesse realmente interessada em retomar o
seu mandato, ao contrário do que vem afirmando à imprensa estrangeira, já teria
regimentado os que a acompanharam em sua saída do Planalto, fomentando os
correligionários a lhe darem sustentação que refletisse na votação final do
impeachment. A promessa de Lula de percorrer o Brasil desfraldando a bandeira
contra o “golpe” não se confirmou.
Quanto ao presidente Renan Calheiros, que tem se recusado a votar, já
viajou para o Rio com Temer, visitou Dilma no Palácio da Alvorada, negando-se,
entretanto, a adiantar o seu pronunciamento.
Como o quesito que seria submetido aos senadores é muito extenso,
especificando todas as infrações que geraram o processo instaurado, a acusação
vem pleiteando que seja mais conciso, não passando de um “sim” ou “não” em
relação à prática dos atos que concorreram para a formulação do libelo
acusatório.
Resta saber se do idealismo de Dilma, como opositora no enfrentamento ao
regime militar de 1964, ainda sobram forças suficientes para a defesa que fará
no plenário do Senado.
(*) Advogado,
Conselheiro Nato da OAB, Diretor do IAB e do IAMG e presidente da AMLJ
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